A deputada Josina Freitas afirmou hoje que qualquer clínica privada em S. Vicente tem neste momento maior capacidade de resposta do que o hospital central Baptista de Sousa, por manifesta falta de investimento do Governo neste estabelecimento público de saúde. Para a parlamentar, esta realidade é gravíssima, pois revela o nível de descaso do Executivo para com o sector da saúde na região norte do país.
Salienta esta porta-voz dos deputados eleitos pelo PAICV para o círculo de S. Vicente que o hospital Baptista de Sousa, que já foi referência nacional, está desprovido actualmente de vários serviços de especialidade médica e algumas de extrema importância. A título de exemplo mencionou a falta de cobertura em Neurocirurgia, Neurologia, Anatomia Patológica e está ainda sem o serviço de Oncologia, “que faz mita falta à população do norte do país”. Quem precisa de atendimento nessas áreas, diz, é obrigado a procurar o hospital central da Praia, ficando deste modo longe do amparo da família.
“Temos dois hospitais centrais que, a princípio, deveriam garantir os mesmos serviços a todos os cabo-verdianos de norte a sul de Cabo Verde, mas que estão a trabalhar em níveis desiguais. Num deles temos 3 especialistas de Neurocirurgia, 4 especialistas de Neurologia, 3 especialistas em Anatomia Patológica, enquanto no hospital central do Norte não encontramos nenhuma destas especialidades essenciais para a saúde”, relata a parlamentar, para quem o hospital de S. Vicente precisa urgentemente de equipamentos.
Josina Freitas relembra que tem vindo a ser prometido ao HBS equipamentos de TAC, Ecógrafo e RX desde 2021 e até então nada aconteceu. Salienta, por outro lado, que o bloco operatório precisa de obras, mas que só serão possíveis após a conclusão do centro ambulatorial do referido hospital. Entretanto, prossegue, as obras do centro ambulatorial estão paradas há mais de um ano e com uma derrapagem financeira superior a 100 mil contos. “E o Governo nada diz a este respeito, mostrando um completo descaso para com esta situação”, critica Freitas, que promete confrontar a ministra com esta e outras questões na primeira sessão parlamentar de dezembro.
Outro ponto denunciado é o facto de a ministra da Saúde, segundo Freitas, ter afirmado no Parlamento que o problema da cozinha do HBS já estava resolvido, quando o hospital continua sem esse serviço há cerca de 4 anos. No tocante ao prometido Centro de Saúde de Monte Sossego, acrescenta, tudo continua na mesma.
O Centro de Terapia Ocupacional, acresce a deputada, tem estado a fazer um trabalho desarticulado com os restantes polos de saúde da ilha de S. Vicente, apesar de estar diretamente ligado ao Ministério da Saúde. Por seu lado, a Delegacia de Saúde, denuncia Josina Freitas, só tem conseguido trabalhar algumas medidas de prevenção graças a um projecto financiado pela Bélgica desde 2014.
S. Vicente, diz, continua também a aguardar há seis meses a colocação de uma psicóloga no centro de saúde de Chã d´Alecrim, mas também a activação de uma farmácia na zona da Bela Vista, estabelecimento este que precisa ainda de reagentes. Reforça que o sector da saúde mindelense tem défice de técnicos laboratoriais, entre outros constrangimentos.
Perante este panorama, Josina Freitas pergunda, a partir da cidade do Mindelo, qual é o conceito de saúde pública para o Governo central, ou o que o Executivo entende por “acesso universal” à saúde a todos os cabo-verdianos.