A Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária pondera apresentar queixa contra o diretor do departamento da PJ da ilha do Sal, por “obrigar” agentes a trabalhar, enquanto estes esperavam pelos resultados laboratoriais aos testes da Covid-19. Entretanto este sindicato aguarda os resultados de um inquérito aberto pela Direção Nacional da tutela, que averigua responsabilidades.
Considerada neste momento um dos atuais principais focos de contágio do coronavírus, a ilha do Sal contabiliza cinco elementos da Polícia Judiciária infetados. Dentre eles, como assegura o sindicalista João Vaz, há elementos desta corporação que foram obrigados a se apresentar no serviço enquanto aguardavam pelos resultados laboratoriais, tendo inclusive um deles recebido depois a confirmação da doença.
Através do Facebook, a ASFIC/PJ fala em atitude ditatorial e irresponsável do departamento naquela ilha. “Tornou-se mais urgente a nossa intervenção quando soubemos que inspectores testados e sem resultado encontravam-se escalados e obrigados a comparecerem ao serviço de piquete, sob pena de processos disciplinares e demais penalizações, se faltarem”, lê-se na nota.
O sindicato recusa que a reivindicação, por medidas que evitam a propagação do vírus, principalmente dentro de departamento, seja uma manobra mal intencionada dos inspetores, como foi antes supostamente acusado pelo chefe do departamento no Sal. Essa entidade apoia-se na integridade exigida à tutela e a esses homens da justiça para exigir responsabilidades enquanto lança farpas também à direcção nacional.
“Na Polícia temos de ser decentes, sérios e humildes o suficiente para reconhecermos os nossos erros e se retratar perante os nossos erros, mas a nossa Direcção Nacional e o Director do Departamento do Sal sentem-se acima de tudo e de todos. Entendem que o silêncio e o descaso devem prevalecer, mesmo que neste caso em concreto estejam desrespeitando directivas do Governo da República e recomendações da OMS no que concerne a medidas protectoras e preventivas contra infecção pelo SARS-COV2, que provoca a doença de Covid-19”, continua João Vaz.
Desta forma, instiga a PJ e a sua tutela a serem os primeiros a dar exemplo na luta contra esta pandemia e que não se pode “simplesmente assobiar para o lado” perante uma tão grande “irresponsabilidade” do Director do Departamento do Sal.
Vaz primeiramente assegurou que esta associação sindical lamentava o posicionamento da Direcção Nacional sobre o assunto – que colocava em causa o funcionamento do referido departamento – agora diz aguardar os resultados do referido inquérito para avançar com uma possível queixa.
Sidneia Newton