O movimento Sokols lamentou hoje a morte do escritor Carlos Lopes, um activista sociopolítico que assinava peças contundentes como “a voz do povo sofredor”. Salvador Mascarenhas afirma mesmo que nunca na vida conheceu um homem tão corajoso e resiliente, que chamava as coisas pelo nome, sem receio de nenhuma represália. Este recorda que Lopes foi das primeiras pessoas a invadir a estrada de S. Pedro quando elementos do Sokols decidiram bloquear a entrada na cidade do Mindelo de uma comitiva governamental liderada pelo Primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva.
“Apesar de padecer de um grave problema cardíaco ele não pensou duas vezes em tomar essa decisão”, realça Mascarenhas, lembrando que Carlos Lopes era um justiceiro inconformado, que se preocupava mais com os outros do que com a sua própria vida. Um analista que se munia de dados, embrenhava-se nas suas pesquisas para suportar os seus pontos de vista.
O fulgor de Carlos Lopes diminuiu nos últimos tempos quando foi alvo de um transplante cardíaco, que não correu muito bem nos Estados Unidos. Na sequência dessa intervenção, perdeu as duas pernas, que lhe foram amputadas para salvar a sua vida. Passou alguns dias em coma, mas conseguiu recuperar os sentidos. E, para espanto geral, Lopes retomou as suas escritas mesmo acamado.
O falecimento dessa figura provocou uma onda de consternação nas redes sociais. Vários amigos e conhecidos lamentaram a perda de uma das vozes mais críticas do sistema político e dos governantes em Cabo Verde. Da parte do Mindel Insite fica também a nossa mágoa pelo desaparecimento repentino de um grande colaborador deste jornal digital.