A Câmara do Sal mandou retirar os painéis publicitários do Casino Royal colocados nas cidades de Santa Maria e Espargos por entender que os conteúdos atentam contra a matriz cristã que caracteriza Cabo Verde e por desrespeitarem os valores culturais e identitários da sociedade. As mensagens, que provocaram críticas contundentes do ICIEG e de internautas nas redes sociais, sexualizam a imagem da mulher e incentivam ao jogo de azar.
De acordo com um comunicado divulgado na sua página no facebook, a CM do Sal informa que, na sequência da instalação de painéis publicitários referente às atividades de fortuna e azar desenvolvidas na ilha, em algumas vias públicas do município, procedeu à retirada imediata dos mesmos.”
“A decisão foi tomada por entender-se que tais conteúdos atentam contra a matriz cristã que caracteriza Cabo Verde, desrespeitando os valores culturais e identitários da nossa sociedade,” sublinha a nota, reafirmando o seu compromisso de zelar pelo respeito às tradições, crenças e valores que fortalecem a convivência entre os munícipes, garantindo que os espaços públicos reflitam o sentido de identidade coletiva da comunidade.
Entre as mensagens divulgadas nos painéis publicitários pode-se ler “Bebês destroem corpos, prémios os fazem brilhar” e “Escolha rezar…ou jogar”. O teor considerado sexista e uma crítica velada à religiosidade dos cabo-verdianos provocou reações contundentes nas redes sociais, o que levou o Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género a fazer uma queixa formal à Agência Reguladora da Comunicação Social, entidade com competência sobre a publicidade no arquipélago.
Para o instituto, as mensagens reforçam estereótipos de género, a sexualização e discriminação de meninas e mulheres. “As matérias veiculadas nos cartazes, em termos de imagem e mensagem, colocados em locais visíveis e nas proximidades e/ou a caminho de escolas do ensino básico e/ou secundário, reproduzem estereótipos de género que perpetuam a objectificacao e sexualização das mulheres, contribuindo para as desigualdades e discriminação de mulheres e meninas”, alertou.
Por isso, à retirada dos cartazes e à utilização de conteúdos publicitários que não discriminem nem contribuam para perpetuar construções sociais que denigrem a imagem das mulheres e meninas. E esta manhã a edilidade comunicou que mandou retirar os painéis, o que levou o instituto a agradecer as rápidas diligências, que resultaram em ações concretas em prol do bem comum.