Autárquicas: “As pessoas associam Patcha a um conquistador e líder nato”, que “brinca a trabalhar, mas não brinca com o trabalho”

Uma semana após o arranque oficial da campanha às autárquicas, a candidatura do PAICV afirma que o eleitorado mindelense mostra-se saturado com o domínio de um único poder em S. Vicente por mais de 20 anos e de um Presidente instalado na CMSV por 14 anos. Devido a este quadro, salienta o partido, as pessoas anseiam por uma lufada de esperança na construção de uma nova via de liderança municipal. Nesta linha, a candidatura liderada por “Patcha” Duarte quer tornar “São Vicente grande outra vez”, ou seja, devolver à ilha o protagonismo perdido nos diferentes domínios durantes estes anos. A chave deste sucesso, diz o PAICV, está nas mãos da equipa liderada por esse arquitecto, um “líder reconhecido pelo fantástico trabalho feito no grupo carnavalesco Monte Sossego”, mas também como professor universitário e urbanista. “Pensamos que as pessoas associam Patcha à vitória, a um conquistador e líder nato”, realça o PAICV, que apresenta o candidato a PCMSV como uma pessoa que “brinca a trabalhar, mas não brinca com o trabalho”.

Mindel Insite – A campanha começou oficialmente no dia 14. Até hoje como a vossa candidatura tem sentido a reação do eleitorado em S. Vicente?

PAICV – Tem sido uma caminhada bonita, alegre, positiva, assente na construção que queremos fazer junto com todos os cidadãos Sanvicentinos. Temos sido bem acolhidos, o anseio da mudança para esta candidatura jovem, a única novidade nestas eleições, é uma realidade. O eleitorado mostra-se saturado com o domínio de um único poder por mais de 20 anos e de um Presidente por mais 14, mas, mais do que isso, anseia por esperança, uma nova construção, um novo São Vicente.

MI – Enquanto candidato à CMSV, António Duarte tem apostado numa imagem pessoal que transmite força e combate. É esta a postura que quer enfrentar a campanha e manter na CMSV, se vencer?

PAICV –A nossa postura tem sido de lucidez, racionalidade e paixão pelo amor incondicional por esta ilha. É esta paixão e amor por São Vicente que move o candidato e esta candidatura. O nosso candidato a PCMSV, pela jovialidade, pela energia, entrega-se totalmente a esta causa com um único anseio: levantar São Vicente, levar a ilha a ser o que todos almejamos, pequena no tamanho, mas grande na realização do seu potencial. A postura que queremos é de uma construção baseada no diálogo, na colocação de todas as nossas forças e energias ao serviço de São Vicente, influenciar positivamente, liderar os Sanvicentinos a terem esta postura para com as suas vidas e para com a ilha. Identificarmos e solidificarmos com o que São Vicente é realmente, uma ilha de trabalho, de intelectualidade, cosmopolita, de festa, de cultura, de desporto, de humor, positiva, uma ilha líder e protagonista do seu desenvolvimento.

Entretanto, é importante realçar que a força desta candidatura está na paixão, no amor por São Vicente do candidato e de toda a equipa que compõe esta candidatura, assim como um projeto sério de compromisso com o Município. Candidato, equipa e plataforma como uma alternativa credível para a mudança que São Vicente precisa.

Resgatar a liderança e o protagonismo de S. Vicente

MI – A candidatura assumiu como slogan “São Vicente Grande Outra Vez”. Qual a motivação por trás desta frase?

PAICV – São Vicente já foi líder e exemplo no país nos mais diferentes domínios e, está claro, tem retrocedido a nível das áreas onde já foi protagonista, nomeadamente no desporto, no saneamento, na transparência, na habitação digna, no urbanismo, na gestão do património, na cultura, no diálogo, na dinâmica económica. Nesta perspetiva, sem saudosismo, é nossa intenção resgatar a ilha para esses tempos áureos de forma sustentável e fundamentada nas potencialidades da ilha, agregando parceiros internos e externos neste processo. Portanto, fazer São Vicente grande outra vez tem a ver com o resgatar a liderança e protagonismo de São Vicente nos vários domínios, mas, acima de tudo, elevar a autoestima das pessoas e da ilha, elevar o seu brio e brilho, recuperar o orgulho que todos temos em dizer: Mi ê d’Soncent”

MI – “Patcha” Duarte é conhecido em S. Vicente muito por conta da sua ligação ao Carnaval, enquanto Presidente do grupo Monte Sossego. Até que ponto a vossa campanha está a conseguir explorar este capital social?

PAICV – Patcha personifica a liderança e o Sanvicentino. Consegue estar completamente adaptado e à-vontade em todos os meios da mesma forma, com o mesmo espírito sério e brincalhão. É das pessoas que brinca a trabalhar, mas não brinca com o trabalho. É um líder reconhecido pelo fantástico trabalho que fez no grupo Monte Sossego, mas também é reconhecido como arquiteto, urbanista, professor universitário, Homem do desporto e do associativismo, portanto, o Homem certo para o lugar que São Vicente precisa. Todas as facetas, valores e competências do Patcha estão nesta candidatura, inclusive a de ser o Presidente do Grupo Monte Sossego.

Uma pessoa que fez a construção que fez no grupo Monte Sossego com uma equipa construída nas diferenças, que consegue agregar diferentes sensibilidades, tem o preparo necessário para governar a ilha de São Vicente. Naturalmente, o trabalho por ele e equipa realizados no Grupo Monte Sossego é uma mais-valia que temos mostrado ao eleitorado como prova de competência e créditos firmados na gestão que serão transpostos para a governação municipal. Pensamos que as pessoas associam Patcha à vitória, a um conquistador e um líder nato, por isso, tem sido um dos pontos fortes da nossa caminhada e comunicação com o eleitorado.

“Falta do PDM e falta de transparência na gestão dos solos”

MI – O PAICV apresenta como duas das prioridades a criação de um Plano Director Municipal e a transparência na gestão dos solos. Qual a vossa avaliação sobre o impacto da ausência desse instrumento no desenvolvimento estruturado de S. Vicente e a forma como a CMSV tem gerido a área do Urbanismo?

PAICV – A consequência da ausência desse instrumento é demasiado óbvia no crescimento desordenado, desregulado e indigno da ilha. A construção em terrenos não infraestruturados, sem acesso a água, esgotos, saneamento, vias de acesso, em alguns casos até mesmo sem acesso a eletricidade, prejudica a dignidade das pessoas. O aumento exponencial das casas de lata, sendo São Vicente a ilha do país com maior número de casas de lata. A venda de terrenos de forma pouco transparente – até duas ou mais vezes para donos diferentes de um mesmo lote -, os serviços de atendimento e do gabinete técnico inadequados para a demanda dos munícipes, situações de insegurança criadas por construções não recomendadas, ausência de espaços verdes e de lazer, a baixa- autoestima das pessoas em condições de habitabilidade pouco dignas nos mostram todas as consequências negativas da irresponsabilidade da governação atual no que concerne a falta do PDM e a falta de transparência na gestão dos solos, realidade essa assumida pelo atual incumbente nas entrevistas e debate na rádio no âmbito das autárquicas.

Mobilizar o poder da geminação

MI – O PAICV pretende resgatar a geminação, caso vença as eleições. Qual a importância que a vossa candidatura atribui a esse tipo de relacionamento para o desenvolvimento de S. Vicente e como veem o tratamento que a CMSV deu a este quesito?

PAICV – O desenvolvimento municipal faz-se com parceiros, internos e externos. Outra área onde São Vicente já foi líder é nas geminações. A situação atual é o que vemos, uma Câmara fechada para a geminação e para a diáspora. Esses parceiros apenas pretendem que nos aproximemos. Nós já o fizemos inclusive antes das eleições e já estabelecemos contactos com municípios nos Estados Unidos, na Holanda, França, Luxemburgo e Portugal. As geminações são necessárias e fundamentais na medida em que permitem trocas positivas e acesso a um conjunto de projetos e programas que visam resolver problemas municipais, além da interação cultural, particularmente com países e localidades onde estão a nossa diáspora. Esta incursão pela geminação visa colmatar algum deficit de recursos que poderemos ter na execução da nossa plataforma eleitoral, aproximar e agregar a nossa diáspora ao processo de desenvolvimento, promover trocas culturais e conhecimentos, e trazer investidores externos para dinamização económica que desejamos.

Diminuir as casas de tambor em 20%

MI – A proliferação das casas de tambor é um dos espelhos do nível de pobreza em S. Vicente. Em quatro anos de mandato, qual seria a vossa meta em relação a este ponto?

PAICV – Sendo o nosso candidato um arquiteto urbanista, profundo conhecedor do problema e com perspetiva de soluções exequíveis, sem fantasias, com realismo, pretendemos diminuir 20% o número de casas de lata ao longo deste mandato. O simples facto de não crescerem já será bom, mas, queremos, naturalmente, reduzi-las para dar dignidade às pessoas. Lá onde estão estas casas pretendemos discutir com as comunidades as melhores soluções para condições de habitação digna, não necessariamente deslocando os moradores para espaços comuns com os quais não se identificam ou possam trazer outros problemas sociais. A solução está no diálogo e na mobilização de recursos para projetos que dão dignidade às pessoas e não necessariamente na construção de habitações que podem não servir as pessoas e a ilha, particularmente em obras que transitam de dois ou três mandatos sem conclusão à vista.

Recuperar polivalentes e concluir polidesportivo da Zona Norte

MI – S. Vicente foi sempre uma ilha que deu cartas a nível desportivo em C. Verde. Atletas, dirigentes e amantes das diversas modalidades apontam para o descalabro desta região em termos desportivos. Qual a visão da vossa candidatura sobre esta área e o que propõem para mudar esse paradigma?

PAICV – Sem dúvidas, queremos resgatar “a ilha de campeões”, valorizar o desporto e celebrar as nossas conquistas, pois, o desporto é uma via de afirmação da ilha, de desenvolvimento saudável e sustentável da nossa população. Apostaremos seriamente nesta vertente onde pretendemos, avançar na formação de atletas, dirigentes e treinadores com intercâmbios nacionais e internacionais. Pretendemos recuperar e requalificar placas desportivas, nomeadamente de Fonte Francês, Chã de Alecrim, Cruz João Évora, o Polidesportivo Oeiras. Da mesma forma, é nosso compromisso concluir neste mandato o eterno pavilhão da Zona Norte que já vai em 15 anos sem data de conclusão. É compromisso uma pista de tartan para o Estádio Adérito Sena e a construção de um centro de alto rendimento, de facto, para potenciar atletas de alta competição.

Procuraremos todas as soluções para o Estádio Adérito Sena receber jogos internacionais, particularmente da nossa seleção. A piscina municipal é um compromisso firme que pretendemos materializar num curto espaço de tempo, até o segundo ano de mandato. Financiaremos os clubes da ilha e trabalharemos como parceiros. Temos compromisso de fazer valer o ténis como uma modalidade a ser potenciada na ilha. É compromisso criar o conselho municipal do desporto onde tem presença e representação de todas as modalidades e formação desportivas. Além da vertente competitiva do desporto, queremos reabilitar os parques fitness e promover outros que ajudam toda a população a praticar desporto visto ser este o espaço de lazer e de manutenção da saúde da nossa população. Igualmente vemos no desporto uma via de orientação da nossa juventude para desviar de males que nos assolam relacionados com o uso abusivo do álcool e outras drogas. Por fim, queremos celebrar. Resgatar a gala anual do desporto Mindelense.

Promover a pequena indústria, o comércio e o turismo

MI – Enumere o principal projeto a nível económico, desportivo, social, cultural e administrativo para S. Vicente na sua plataforma eleitoral.

PAICV – A nível económico, na nossa plataforma poderá ser encontrada de forma detalhada os nossos compromissos para quatro áreas que consideramos essenciais e vitais para São Vicente: a pequena indústria, com vista ao financiamento e projetos que possam ser desenvolvidos na ilha; o comércio e a restauração com infraestruturas e serviços que atraem consumidores nacionais e turistas; nos serviços e turismo objetivando incrementar a qualidade, novos roteiros via programa “bem conchê nos zona”, valorização do Monte Cara como monumento natural, e, como não poderia faltar, a economia marítima, sendo esta a área de maior potencial na ilha, sem descurar a cultura e eventos como incentivos à dinâmica económica.  De um modo geral, na economia pretendemos dar ênfase ao potencial económico da ilha em todos os domínios, contemplando ações que respondem a necessidade de apoiar e desburocratizar para melhor servir os empresários locais;  atribuir incentivos fiscais municipais, fomentar a criação e sustentabilidade das empresas de São Vicente; Câmara aberta e parceira para empreendimentos que valorizam a economia da ilha; Descentralizar e digitalizar o atendimento às empresas e cidadãos; Incentivar parcerias e intercâmbios com empresas nas Câmaras geminadas; Possibilitar formações adequadas as necessidades do empresariado local.

Sobre o desporto, já respondemos na questão anterior, entretanto reforçamos a visão de fazer de S. Vicente a “ilha de campeões” numa parceria profícua com o município, sendo esta via para potenciar a paz social, evitar males da atualidade e promover a saúde da nossa população. A qualidade de vida pela via do desporto é um imperativo desta candidatura.

A nível social é nosso compromisso aumentar a ação social do município e parceiros que promovam a redução da pobreza, exclusão social e desigualdades e como ações principais pretendemos: cadastrar todas as organizações da sociedade civil na ilha como parceiras da CMSV, segmentadas por área de atuação e trabalhar com todas as associações enquanto parceiras da governação municipal; Desenvolver ações que visem melhorar o cuidado dos idosos, de crianças e pessoas em situação de rua assim como pessoas com problemas mentais;  Criação de um Gabinete de Planeamento e gestão de Projetos Sociais na CMSV para apoiar organizações na elaboração, execução e procura de financiamento, interno e externo, de projetos que abonem ao município e seus munícipes; Possibilitar instalação de sedes administrativas das associações em espaços municipais.

A nível cultural, além dos nosso eventos de pro que pretendemos melhorar, é nosso compromisso termos uma sala de espetáculos digna para a ilha – melhorar o Jotamont, analisar o que pode ser feito com o Eden Park; Apoiar artistas – Porta aberta para todos os criadores e produtores de arte; Garantir condições de criação, produção e fruição da cultura de forma descentralizada, nas zonas; ter sede para grupos carnavalescos (o maior ato cultural da ilha); realizar bienal de artes em São Vicente; criar a escola municipal de música e artes – a partir da Banda Municipal; criar o Prémio literário “Mindelo”; definir calendário cultural com os principais eventos: Final do ano, Carnaval; Sanjom, Summer Jaz, Baia, Mindelact, entre outros; Promover formação artística nas comunidades.

A nível da gestão administrativa e transparência, são nossos compromissos: descentralizar e digitalizar serviços municipais – rever processos e procedimentos com vista a redução da burocracia e satisfação dos cidadãos; Formação e qualificação das pessoas e serviços municipais; Criar o Portal da transparência municipal – informações detalhadas sobre despesas públicas, contratos, licitações e projetos; Criar Auditoria interna funcional na CMSV – periódicas e regulares; Elaborar o orçamento participativo; criar fóruns de diálogo e partilha com os cidadãos sobre a gestão municipal, além das sessões da Assembleia Municipal. A modernização dos serviços, a desconcentração de balcões de atendimento, quer pela via digital, quer nas localidades de maior aglomerado são fundamentais para que os munícipes sejam satisfeitos no bom atendimento e na resolução efetiva das questões que os leva a interagir com a Camara Municipal.

MI – Qual será a primeira prioridade da vossa gestão caso vençam as eleições?

PAICV – Dado o estado em que a ilha se encontra, podemos dizer que tudo é prioritário. Todavia, para iniciar e melhor direcionar a implementação da nossa plataforma, pretendemos fazer uma auditoria profunda em todos os processos municipais para conhecer por dentro “o real estado da arte”, que será dado conhecimento aos munícipes, e, a partir, daí avançar com os nossos compromissos com uma orgânica adequada ao que pretendemos realizar e que consta da nossa plataforma. Feito o diagnóstico, definida a estrutura e os processos de trabalho, mãos à obra. Visando primeiramente questões básicas essenciais ligadas ao saneamento, a definição do PDM e gestão urbanística, a dinâmica económica, ao desporto, à cultura e a boa governança municipal.

Sair da versão mobile