O engenheiro electrotécnico Carlo Araújo, 74 anos, apresentou esta quinta-feira a sua candidatura à Câmara Municipal de São Vicente, encabeçando o Movimento Autónomo (MA), e elegeu como principal objectivo a conquista da autonomia para a terra do Porto Grande. Para isso, disse, a sua única força é o apoio da população. “Estou aqui para reafirmar o compromisso que assumi com as pessoas quando fui recolher as 500 assinaturas que suportam a minha candidatura”, afirmou.
De acordo com o agora candidato, após a conquista da CMSV, de imediato vai iniciar um projecto de autonomia para a ilha. “Quero unir o povo desta ilha à volta de um projecto de autonomia que vai permitir São Vicente começar a produzir mais, aproveitando a sua força viva, que é extraordinária. Não digo isto a toa e nem estou a ser aproveitado por alguém pelas minhas capacidades. Sou uma pessoa que, ao longo dos anos, tem vindo a estudar a ideia da autonomia.”
Para Carlos Araújo, a incapacidade de Cabo Verde de avançar não se deve à falta de competência dos presidentes, ministros, administradores e outros, mas de organização. “Cabo Verde e São Vicente são uma espécie de carro sem rodas. Vim para colocar as rodas nesta viatura com este projecto denominado autonomia. Na minha gestão terei duas assembleias, sendo uma eleita e uma formada por pessoas competentes que funcionará como um espaço de consulta.”
Um dos integrantes desta assembleia consultiva será a comunicação social que, do ponto de vista do candidato, será fundamental. “Vamos ter a nossa própria televisão em S. Vicente. Todos vão ter de me ajudar a concretizar esta ideia. Temos a necessidade de desenvolver trabalhos e, para isso, tenho um projecto, que espero levar adiante, de criar uma nova cidade na ilha. Será uma cidade turística, fora da área do Mindelo, possivelmente na zona de Palha Carga.”
Questionado se já fechou a sua lista de candidatura, Carlos Araújo limitou-se a dizer que tem muitas pessoas ao seu lado e que a sua equipa está ainda em construção. “A minha lista está em construção porque, ao longo deste caminho, tenho vindo a encontrar as pessoas que são realmente válidas. Pretendo que a minha lista para a CMSV seja composta só por jovens mulheres. Já para a AMSV, quero pessoas com mais experiência, que vão pensar a ilha.”
Confrontado com a questão da paridade, o candidato nega qualquer discriminação. Ao contrário, diz, está a emparelhar corretamente as coisas. “Acredito que há de chegar um dia em que o homem e a mulher serão iguais, que esta terá força e tempo para criar a sua equipa para se candidatar, lembrando dos homens”, reforça. Araújo garantiu ainda que a cabeça da sua lista para a AM será também uma mulher, mas recusou avançar o nome.
Volvidos 24 anos sobre a sua primeira candidatura à CMSV, no ano 2000, então suportado pela UCID, Carlos Araújo acredita que hoje tem mais maturidade. “Em 2000 fiz uma bela campanha, diferente, mas não me empenhei porque ela era liderada por outras pessoas. Agora fui ao terreno para saber se era possível uma candidatura independente vencedora. Voltei para recolher as assinaturas. Pude falar com muitas pessoas, perceber as incorreções e das coisas horríveis que acontecem na ilha e percebi que era capaz de cativar as pessoas.”
Em suma, garante, a população está preparada para a sua autonomia porque quer uma mudança completa. E espera vencer com maioria absoluta.