O presidente da Câmara de São Vicente arrasou na manhã de hoje com os bombeiros municipais na sua reacção às declarações políticas da UCID sobre a situação desses profissionais, feita no início dos trabalhos da sessão ordinária da Assembleia Municipal, que acontece nos dias 10 e 11 de Outubro. Segundo Augustos Neves, São Vicente tem 23 bombeiros “equipados de forma adequada”, dos quais 13 são voluntários, número que considera suficiente para as demandas da ilha. O problema é que, afirmou, estes transformaram o quartel em sede de partidos políticos e sindicatos. Com isso, diz, há muita confusão e pouco trabalho.
O edil mindelense foi ainda mais longe ao dizer que os bombeiros de São Vicente são também taxistas, condutores de hiaces, empresários e líderes sindicais, o que interfere no cumprimento da sua missão. “Tenho sido duro com o serviço para poderem cumprir com os seus deveres de bombeiros. A nível de equipamentos, há pouco tempo, através de um protocolo com o Governo, recebemos duas viaturas de combate a incêndio, que se juntaram a uma outra que já tínhamos, ainda em bom estado. Têm combustíveis e ainda uma série de outros materiais. É por isso que digo que temos equipamentos suficientes, que devem ser bem geridos”, frisou.
Neves criticou ainda o excesso de baixas médicas, que, alega, acaba por desfalcar a corporação, o que o leva a questionar qual o serviço que consegue funcionar assim. Uma situação que leva o presidente a incitar os partidos a exigirem os bombeiros a prestarem um melhor serviço. “Devo ainda dizer que boa parte destes bombeiros tem um vencimento superior ao dos vereadores, para não dizer outra coisa. E, para além do vencimento, têm ainda muitos subsídios. Quem tem a pena na mão sou eu. Sei do que falo. Ninguém me conta histórias. Se alguém precisar de esclarecimentos estou aqui disponível para prestar quaisquer informações”, desafia.
Obras em São Vicente
Relativamente à crítica do PAICV de que as muitas obras prometidas no início do mandato continuam sem avançar, Augusto Neves responde com alguns projectos do Governo. Cita, como exemplo, a estrada cidade-Baía das Gatas, já inaugurada, a requalificação da estância balnear da Baía das Gatas, o Data Center e o Terminal de Cruzeiros, estes ainda em curso. Enumerou também os vários hotéis em construção na ilha, não obstante serem obras privadas.
Dos poucos projectos municipais, destaca os trabalhos de requalificação da Conservatória, que diz estarem bastante avançadas. Aliás, afirma, estão a fazer os possíveis para serem inauguradas a 22 de Janeiro de 2020. “Temos neste momento 16 frentes de calcetamento nos bairros. Vamos estar, em breve, no Calhau. Acabamos de aprovar o plano detalhado desta localidade, que vai albergar um dos maiores projectos de Cabo Verde, a Zona Económica Especial de Economia Marítima”, enumera.
Augusto Neves lembrou também as obras de requalificação do Centro Nacional de Artesanato e Design, projecto a que a CMSV também se associou. Falou da recuperação da esplanada de Picnik da Praça Nova, que diz estar integrada a um projecto maior, que contempla a requalificação da Praça e o próprio CNAD. “Estamos a trabalhar com o projectista do CNAD para ser um projecto único à altura de São Vicente. Neste momento estamos a construir os sanitários da esplanada Picknick, que vão ficar na cave e depois vamos trocar todo o piso da Praça Nova. Esta obra vai mudar a cara daquela zona.”
Tendo em conta que as declarações feitas durante as intervenções do público, que foram na sua maioria de agradecimentos pela atribuição de moradias nos projectos Casa para Todos, Neves deixou claro que o mérito é do povo de São Vicente. Lamentou, no entanto, o facto de ainda muitas pessoas viverem em condições difíceis devido a dificuldades da Câmara para atender tantos pedidos. Garantiu, no entanto, que vão ser construídas mais casas em algumas zonas, designadamente na Ribeirinha, Lameirão, Norte Baía, Bela Vista e São Pedro.
Constânça de Pina