Anúncio de agência “enfurece” mindelenses: SEEM, CMSV e Marriot negam possibilidade de área privada na Lajinha

O Secretário de Estado da Economia Marítima e o vereador Rodrigo Rendall descartaram qualquer hipótese de o projecto do hotel Four Points by Sheraton contemplar uma área privada na praia da Lajinha. Abordados para comentar um anúncio da agência Cabo Verde Property publicado na sua página no Facebook no dia 23 de Setembro, segundo o qual o empreendimento turístico a ser edificado no espaço ocupado pelos pavilhões da FIC e a ex-Congel contempla o acesso a uma zona privada, ambos estranharam essa informação e asseguraram que esse aspecto nunca foi abordado com os promotores. Tanto Paulo Veiga como Rodrigo Rendall garantem que o projecto e o estudo de impacto ambiental não contemplam esse quadro e nem fazia sentido, até porque, dizem, a lei cabo-verdiana proíbe a aquisição de espaços privados nas praias, muito menos no mar.

Esta informação foi inclusivamente estranhada por um gestor cabo-verdiano relacionado com o grupo Marriot International Inc, dona do investimento. Assim que viu a publicação, após ser contactado por Mindelinsite, negou essa possibilidade. Na primeira abordagem, assegurou que o hotel terá apenas um beach bar no areal, destinado tanto aos clientes como ao público em geral. “Qualquer pessoa é livre de consumir uma bebida ou alugar uma cadeira e um chapéu de sol, como acontece, por exemplo, com o Kalimba”, frisou essa fonte.

Entretanto, fez questão de abordar um administrador da Maseyka H. Investiment, entidade que vai explorar o hotel, que reconfirmou essa informação. Numa mensagem enviada via messenger, esse responsável da Maseyka deixa claro que o espaço que o hotel terá na praia será de acesso livre. “Adicionalmente, o Four Points by Sheraton vai disponibilizar um conjunto de equipamentos aos amantes dos desportos náuticos e outras atracções para o público em geral”, acrescenta.

Confrontada com o conteúdo do anúncio da agência Cape Verde Property, que diz taxativamente que o hotel terá uma via de acesso directo a uma área privada na praia da Lajinha, a referida fonte ligada a Marriot International Inc, empresa dona de um conglomerado de hotéis de luxo espalhado pelo mundo, estranhou o motivo dessa informação. E mais: deixou entender que a marca Marriot desconhece a existência da Cape Verde Property.

Desde Sábado, dia que o Mindelinsite teve conhecimento da comunicação da referida agência no Facebook, que este jornal tentou entrar em contacto com a Cape Verde Property, sedeada na ilha do Sal. Assim, enviamos um pedido de esclarecimento via messenger e logo nesse dia fomos informados que iríamos receber as informações solicitadas por email. De imediato disponibilizamos dois emails, a mensagem foi vista, mas até o momento nenhuma informação da CVP entrou na nossa caixa de correio. Ontem este online telefonou para um número existente na lista telefónica, mas a chamada caiu na caixa de correio. Fracassada mais esta tentativa de contacto com a referida agência, o Mindelinsite decidiu publicar as informações até o momento apuradas.

A verdade é que a publicação da Cape Verde Property provocou uma avalanche de comentários no Facebook da própria agência, na sua expressiva maioria criticando a parte que fala na reserva de uma área privada nessa praia. No geral, as pessoas garantem que jamais os mindelenses iriam permitir tamanha “afronta”.

O debate foi também aceso na página do Provedor de Mindelo. Um dos intervenientes, o arquitecto Jorge Dias, assegurou estar envolvido no projecto e que nenhuma parte da praia será privatizada. “(…) nem seria possível porque a nossa legislação não permite”, comenta Dias, para quem houve alguma “falha de comunicação”. Este assegura que o projecto contempla um beach club, do género do espaço Kalimba.

Este jornal mantém as portas abertas para falar com a Cape Verde Property.

Kim-Zé Brito

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