As Forças Armadas de Cabo Verde (FACV) comemoraram esta terça-feira, 15, 52 anos da sua existência, com cerimónia na 1ª Região Militar em São Vicente, prestigiado pelo Presidente da República Jorge Carlos Fonseca, pelo Chefe de Estado-Maior das FA, Anildo Morais e pelo Ministro da Defesa Nacional, Luís Filipe Tavares. O Comandante Supremo das FA aproveitou a ocasião para alertar para os perigos da localização do arquipélago.
Na sua intervenção, Jorge Carlos Fonseca elogiou o papel e desempenho das Forças Armadas (FA) no cumprimento das suas obrigações militares, conforme previsto na Constituição e demais leis da República, assegurando a defesa do território e participando na melhoria das condições de vida das populações. Destacou igualmente o seu contributo para a segurança pública ao lado das polícias nacionais e nas missões de busca e salvamento.
O Comandante Supremo das FA aproveitou a cerimónia para fazer uma chamada de atenção para situações de perigos geográficos próximos de Cabo Verde e que pediu, no caso de ameaça, a intervenção das Forças Armadas. “O terrorismo baseado em motivos políticos e inflacionados pelo fanatismo religioso difundiu-se por todos os continentes de forma directa ou indireta e chegou à nossa sub-região, onde, através de acções bem planeadas e coordenadas, tem espalhado a morte e a instabilidade, mesmo com poucos meios. Esta realidade impõe uma vigilância e uma preparação permanente como forma de prevenir e se, necessário, enfrentar essa ameaça geograficamente próxima”.
O tráfico de pessoas, armas e drogas são outros males presentes na nossa sub-região e requerem, segundo Fonseca, redobrada atenção e um esforço de articulação permanente com outras forças e serviços com vista uma actuação coordenada e atempada. “Outro mal que tem sido constante na sub-região, concretamente no Golfo da Guiné, é a pirataria marítima, que afecta rotas comerciais vitais para o fluxo de mercadorias. O seu combate exige uma postura proactiva e uma actuação especial da Guarda Costeira, em articulação com a CEDEAO, países amigos e com os organismos internacionais”, exemplifica.
Para o Presidente da República, é tempo de se começar uma cooperação militar com os vizinhos da CEDEAO, a semelhança do que acontece com alguns países da União Europeia e com as FA dos Estados Unidos da América. “Estou certo que o mesmo pode acontecer com as Forças Armadas dos países amigos com os quais dividimos o mar, espaço onde enfrentamos as mesmas ameaças. Como se costuma afirmar, a solidariedade e a amizade no âmbito da defesa entre os países amigos é a garantia de uma melhor defesa para todas as partes envolvidas e para a construção de um sistema mais eficaz e benéfico para todos. Afinal somos todos países do mesmo continente e fazemos parte da mesma organização sub-regional – a CEDEAO”, disse.
Jorge Carlos Fonseca mostrou-se ainda satisfeito com os avanços registados no Comando da Guarda Costeira, que passou a contar com quase todos os seus meios operacionais, o que implica que os mares de Cabo Verde estão sob controlo operacional. “Espero que o processo de melhoria continue e que, cada vez mais, os nossos militares se sintam motivados para o cumprimento das suas obrigações”, assegurou.
Trabalho em várias frentes
O Chefe do Estado-Maior das forças Armadas enalteceu, por seu lado, o trabalho das FA em várias frentes, como vigilância e patrulhamento da zona económica exclusiva, protecção dos portos, evacuação de doentes, serviço de busca e salvamento, protecção ambiental e cooperação com as forças de segurança e protecção civil. “Como instituição regular e permanente, as Forças Armadas têm sabido se adequar às diferentes situações, sem perder o foco da missão nem de seus valores. Em decorrência da sua missão se mantém atento à conjuntura e preparado com os meios de que dispõe”, considerou.
Anildo Morais aproveitou a ocasião para homenagear os combatentes da liberdade da pátria e realçar o “contributo extraordinário” que estes deram para Cabo Verde. “A eles, gostaríamos de manifestar a nossa gratidão e reconhecimento de tudo o que fizeram parta que hoje estivéssemos aqui, neste momento a comemorar esta data”, indicou.
Durante a cerimónia, um grupo de militares foi condecorado com as medalhas de serviços relevantes e de comportamento exemplar como um acto de reconhecimento da acção preponderante, exemplar e louvável por eles desenvolvidas em prol da dignificação e afirmação das Forças Armadas, no seio da sociedade cabo-verdiana. “A nossa instituição nasceu com o país, cresceu ao seu serviço e é, por todos nós, mantida ao serviço de Cabo Verde. É assim com o maior orgulho e satisfação que vos saúdo e transmito publicamente o reconhecimento pela dedicação, profissionalismo e vontade de bem servir nas FA”, concluiu.
Natalina Andrade (Estagiária)