Organizações defensoras da enseada de coral da Lajinha vão participar numa marcha cívica em S. Vicente no dia 27 de Setembro, enquadrada na Mobilização Global pelo Clima, uma iniciativa da jovem ambientalista sueca Greta Thundberg e que promete colocar na rua milhões de manifestantes e grevistas nos cinco continentes. Todos unidos num único objectivo: acabar com as agressões humanas à natureza a nível global.
Segundo o professor Guilherme Mascarenhas, os preparativos já estão em curso com o envolvimento até agora da Biosfera I, Adeco – Associação para a Defesa dos Consumidores – a Associação dos Biólogos e Investigadores de Cabo Verde, Movimento para o Desenvolvimento de S. Vicente, o Movimento Cívico contra o Barulho, o movimento cívico Sokols 2017, a organização 350.org, através de um representante em S. Vicente. “Queremos fazer parte dessa movimentação mundial em prol da defesa do planeta Terra e aproveitar para reforçar a nossa luta pela protecção da enseada de coral da Lajinha. Voltamos a frisar, trata-se de um oceanário natural que corre sérios riscos por causa dos trabalhos de drenagem das águas pluviais”, realça esse docente universitário, para quem há vários projectos a ser implementados em Cabo Verde com duvidosos estudos de impacto ambiental. Entretanto, acrescenta, a cada ano desaparece uma série de espécies vítimas das agressões climáticas que esses projectos muitas vezes provocam.
“Há 30 anos que as pessoas falam das energias renováveis, da sustentabilidade, da economia azul, etc., mas faz-se muito pouco. O nosso planeta está doente, está numa fase descendente da sua capacidade de resistência. Vemos a cada ano vários acontecimentos que aumentam o efeito estufa, pelo que este é um momento de acção, como diz Greta Thundberg”, frisa esse ambientalista.
Além das associações ambientalistas, a organização, segundo Guilherme Mascarenhas, pretende envolver as escolas dos diversos níveis de ensino e levar as crianças e os jovens a comprometerem-se com a defesa do oceanário da Laginha e o futuro da Terra. Em Agosto, o movimento em prol da enseada conseguiu formar um cordão humano ao longo da praia da Lajinha, o que, para Mascarenhas, comprova que é possível sensibilizar a sociedade para este género de causas. No entanto, adverte, o senso comum ainda é bastante incipiente em Cabo Verde, pelo que não tem uma ideia de quantas pessoas irão participar no evento do dia 27 deste mês. “O interesse comum ainda não é uma prioridade. As pessoas estão mais preocupadas em defender o que diz respeito directamente às suas famílias. Temos estado a tentar mudar esse pensamento, levar a sociedade a ver para além do seu interesse pessoal.”
Essa iniciativa, acrescenta, é mais uma forma também de pressionar o poder político central e local. Como recorda esse docente, o ministro da Economia Marítima admitiu publicamente a importância da enseada de coral, mas até agora não tomou uma iniciativa concreta para proteger esse local. Por outro lado, prossegue, apenas o vereador Rodrigo Martins teve a abertura para se encontrar com os ambientalistas que defendem essa enseada. “Entretanto, quatro fiscais da CMSV arrancaram os dísticos em defesa dos corais que colocamos nos suportes usados pelos engraxadores em frente ao Paços do Concelho. Foram retirados à força e retidos pela Câmara”, denuncia Guilherme Mascarenhas.
A mobilização mundial em prol do ambiente deve acontecer durante a semana que vai de 20 a 27 de Setembro. A expectativa é que milhões de manifestantes, na sua maioria jovens, tomem de assalto as grandes cidades para obrigar os governos e organizações internacionais a travarem o uso da energia fóssil e a destruição de florestas, como é o caso da Amazónia. Em S. Vicente, os ambientalistas querem inserir-se nessa rede mundial e levar a cabo mais uma das várias iniciativas realizadas em defesa da enseada de coral da Lajinha. A concentração será nesta praia às 17 horas, partindo uma hora depois para a praceta Dom Luiz, no centro da cidade do Mindelo
KzB
