Uma paciente brasileira transportou o vírus Sars-CoV-2 durante cinco meses, com o patógeno activo e passível de transmissão, segundo um estudo divulgado esta segunda-feira no país pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A informação faz parte de um estudo do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, ao qual o jornal O Globo teve acesso, e que apontou que a paciente não teve reincidência, mas permaneceu com o vírus durante 152 dias, tornando-se o caso comprovado de contaminação numa pessoa, que perdurou por mais tempo, no mundo.
A investigação científica, realizada pelas investigadoras Luciana Costa, Amilcar Tanuri e Teresinha Marta Castineiras, da UFRJ, também sustentou que pessoas assintomáticas são “os pilares da disseminação” do vírus. A paciente, que não foi identificada, é uma profissional da área de saúde no Rio de Janeiro que, em março, apresentou sintomas leves associados à covid-19 e permaneceu em quarentena domiciliar para orientação médica. Regressou entretanto à actividade, depois de passar os últimos cinco meses completamente assintomática.
A investigação, que realizou testes de diagnóstico molecular em três mil pessoas, inclui outros pacientes, a maioria profissionais de saúde, que nunca mais sentiram os sintomas, mas continuaram a transportar o vírus ativo durante vários dias. Desses três mil pacientes, 50 com teste positivo para covid-19, e aparentemente recuperados, regressaram, por motivos diversos, para fazer o teste clínico e 15% deles continuavam com o vírus ativo.
Os responsáveis pela investigação descobriram que, em 40% dos casos após os catorze dias de quarentena recomendados pelas autoridades de saúde em todo o mundo, os pacientes podem continuar a testar positivo para covid-19, mas o vírus, apesar de sua presença no corpo, não tem mais capacidade de transmissão. Os estudos passam agora a ter por objetivo determinar se 35% dos pacientes portadores do vírus inativado conseguem desenvolver anticorpos, diferentes do paciente que permaneceu com o patógeno por cinco meses, e não conseguiu desenvolve-los.
Os responsáveis pelo estudo alertaram para a necessidade de um controlo rigoroso de vacinas, como as que vários países vêm desenvolvendo, tendo em conta o caso do paciente que incubou o vírus por cinco meses.
C/JN.PT