Protecção Civil: Comando regional de S. Vicente inoperante há mais de dois anos

As ilhas de S. Vicente, Santo Antão e S. Nicolau estão desprovidas do Comando de Protecção Civil há mais de dois anos, encontrando-se esse serviço dependente da coordenação directa da cidade da Praia. A informação foi confirmada ao Mindelinsite por Hélio Semedo, director de operações do Serviço Nacional de Protecção Civil, para quem essa lacuna deverá ser preenchida com o lançamento de um concurso público no próximo ano.

Segundo esta fonte, em 2013 o Serviço Nacional da Protecção Civil tinha um elemento destacado na cidade do Mindelo, mas que, entretanto, mudou de instituição, pelo que o cargo ficou vago. Deste modo, foi lançado um concurso em 2017 e nomeado um técnico para ocupar a função. Só que este não conseguiu deslocar-se para assumir a função devido a “problemas profissionais”. Desde essa data, entretanto, que o posto está desocupado, podendo vir a ser preenchido após o lançamento de um novo concurso em 2020.

Enquanto essa lacuna existir, as operações serão coordenadas a partir do Comando da Região Sul, que ainda sob a sua alçada as ilhas do Maio, Fogo e Brava. Em caso de emergência, explica Semedo, as Câmaras Municipais assumem a liderança das operações no terreno até a chegada de um coordenador da cidade da Praia. Foi, por exemplo, o que aconteceu no ano passado com o incêndio que se deflagrou no Planalto Leste, em Santo Antão.  

“O facto de esta região estar sem comando não é realmente uma situação normal, mas isso acontece por motivos alheios. Contamos resolver esse problema no próximo ano”, diz Hélio Semedo, relembrando que o comando serve fundamentalmente para coordenar operações quando ultrapassam a capacidade de intervenção das câmaras municipais.

Neste momento, dos cinco comandos regionais criados estão operacionais os de Santiago Sul, Fogo, Santiago Norte e Sal, que tem sob a sua responsabilidade a ilha da Boa Vista. Para um especialista em protecção civil, a instalação dos comandos foi uma medida positiva, no entanto considera inaceitável o facto de o serviço regional de S. Vicente, que funciona no quartel dos bombeiros, estar tanto tempo inoperante. Como enfatiza, há riscos directos identificados nas três ilhas desta zona, como incêndio florestal e enxurradas em Santo Antão e São Nicolau, deslizamento de areia na zona do Lazareto em S. Vicente… “Os Comandos foram criados para permitir a descentralização do serviço nacional de protecção civil. O ministro da Administração Interna já foi questionado no Parlamento sobre a situação de S. Vicente e disse que seria resolvido. Entretanto, já vamos em dois anos quando todos sabemos o quão importante é o papel do comando nos casos de emergência, ainda mais em zonas de risco como são as ilhas de S. Vicente, Santo Antão e S. Nicolau”, comenta essa fonte, que pediu anonimato. Este ex-operacional adianta que o Comando Regional instalado em S. Vicente já funcionou normalmente, mantendo visitas constantes às ilhas de Santo Antão e S. Nicolau seguidas de reuniões com os vereadores responsáveis pela área da protecção civil.

Kim-Zé Brito

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