Motoqueiro sentenciado a 5,6 anos de prisão pela morte acidental de idoso em Monte Sossego

Marley Matos, o jovem motoqueiro responsável pela morte acidental do idoso António da Cruz em Monte Sossego em Junho passado, foi condenado esta manhã a 5 anos e seis meses de prisão. Para o juiz Antero Tavares, ficou evidente no julgamento que o acusado cometeu os crimes de homicídio negligente, condução ilegal e omissão de auxílio ao abalroar a vítima com a roda dianteira da motocicleta e abandona-la à sua sorte no meio da via. O octogenário sofreu vários ferimentos, entre os quais traumatismo craniano, e acabou por falecer.

Conforme o magistrado, o motoqueiro seguia no veículo com uma roda suspensa e a uma velocidade que não lhe permitiu parar ou desviar-se do idoso, que foi atingido quando atravessava a passadeira. Além disso, em vez de prestar socorro à vítima, decidiu montar na moto e abandonar o local do acidente. Este comportamento, realçou o juiz, comprometeu ainda mais a sua situação, pois acabou por ser acusado também de omissão de assistência a pessoa acidentada.

Marley Matos, 21 anos, foi condenado às penas parcelares de seis meses de cadeia por condução sem carta, quatro anos de prisão por homicídio negligente grosseiro e a dois anos de encarceramento por omissão de auxílio. Feito o cúmulo jurídico das sentenças parcelares, acabou condenado à pena única de 5 anos e seis meses de prisão e pagamento das custas processuais.

Segundo o juiz, o arguido alegou na sua defesa que o acidente foi provocado devido a uma avaria mecânica e que fugiu por receio das pessoas que, entretanto, juntaram-se no local. No entanto, testemunhas contrariaram essa versão ao garantirem que o jovem e outro colega seguiam a uma velocidade acentuada com a roda dianteira dos veículos no ar. Logo, para esse magistrado do 1° juízo crime, Marley Matos estava a agir de forma consciente. Além disso, acrescentou, o acusado sabia que não tinha carta de condução, pelo que jamais deveria estar a circular com a motocicleta na via pública. Para ele, o jovem mostrou ainda total desprezo pela vida humana ao atingir a vítima numa passadeira e fugir do local do acidente, deixando uma pessoa ferida abandonada à sua sorte. Neste caso, apesar do auxílio prestado pelos bombeiros e um enfermeiro, o idoso acabou por falecer.

A leitura da sentença foi assistida por familiares de António da Cruz, que se mostraram sensibilizados. No entanto, evitaram comentar a decisão do tribunal. A mesma coisa fizeram os advogados de defesa e acusação. É certo, entretanto, que o advogado de Marley Matos vai recorrer da sentença.

Homem de fino trato, “Nho Anton” era muito conhecido por sua educação e religiosidade, mas também por causa dos filhos, todos com alguma projecção na sociedade mindelense. Refira-se que o arguido ouviu a sentença em silêncio e deixou escapar algumas lágrimas na sala de audiência. Igualmente, parentes do malogrado presentes no tribunal não puderam conter a emoção depois de ouvirem o veredicto.

Kim-Zé Brito

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