Mais uma tartaruga atacada por cães vadios na praia de Jon d´Ebra

Mais uma tartaruga da espécie Caretta-Carreta, a segunda consecutiva em menos de um mês, foi atacada por cães vadios na praia de Jon d´Ebra, em São Vicente. Neste momento, a tartaruga está a ser tratada na Clínica Mindelvet, devendo seguir depois para um espaço de acolhimento privado no Calhau.

De acordo com responsável desta clínica veterinária, esta é a sétima tartaruga atacada por cães vadios este ano, e a terceira ou quarta na praia de Jon d´Ebra.  “É uma situação grave e que precisa ser resolvida. Há aqui duas questões importantes, uma prevenir os ataques e outra tratar das tartarugas. Os ataques podem ser minimizados através de campanhas de castração, monitoramento das praias e uso de dardos”, diz Salvador Mascarenhas.

Este médico-veterinário prossegue dizendo que, não obstante as praias serem monitoradas, é difícil detectar os cães, sobretudo à noite. Por outro lado, são cães livres e, por isso, difíceis de serem capturados. “É preciso ter meios para capturar estes cães e, neste caso, os dardos são fundamentais. É algo que temos vindo a pedir há algum tempo. É um equipamento caro e a nossa clínica, que é privada, nunca irá conseguir investir para um trabalho pro-bono que já fazemos. Aqui cobramos apenas os medicamentos utilizados”, clarifica.

Em relação ao tratamento das tartarugas, Salvador Mascarenhas afirma que é preciso começar a pensar em um centro de recuperação básica, que pode ser montada em um pequeno espaço no Centro Oceanográfico. “Neste momento não há este espaço em São Vicente. Aqui no Mindelvet limitamos a tratar as tartarugas, um trabalho feito pelo veterinário Guilherme Oliveira. Mas é preciso um sítio para recuperação. Actualmente, o Jorge Melo tem disponibilizado um espaço, mas não é o ideal”, assegura.

Isto porque os animais necessitam de fiscalização constante e têm de estar em uma área com água controlada para uma melhor recuperação e para fazer um estudo destes animais, sublinhou este médico-veterinário realçando que chegou a trabalhar em um espaço em Portugal, que começou do nada e hoje é o maior Centro de Recuperação de animais da Península Ibérica.

Na clínica a tartaruga foi suturada e hidratada. Também recebeu antibióticos, antes de ser levado para o espaço do Jorge Melo no Calhau. Mascarenhas alegou, entretanto, que, muitas vezes, as tartarugas têm hemorragias extensas e, infelizmente, o Mindelvet não possui sangue para fazer transfusões.

“Fazemos aquilo que se pode. Esperemos que chegue para esta tartaruga recupera. Mas é um processo muito lento, as vezes demora um ano. Apesar dos repteis terem uma grande capacidade de recuperação, as lesões nos tendões são complicadas. Por exemplo, o outro ainda sequer sabemos se vai conseguir voltar ao mar porque tem os membros danificados”, finaliza.

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