Jovem mindelense pede ajuda ao Governo para entrar na lista de transplante em Espanha

Um jovem mindelense, que se encontra em tratamento na Espanha, pede a ajuda do Governo para entrar na lista de espera de transplante de rim. Edmilson da Luz, da zona de Lombo Tanque em São Vicente, foi para Portugal fazer tratamento de hemodiálise  e, após receber da Embaixada de Cabo Verde o veredito de que “não poderia entrar na lista de espera de transplante porque isso envolvia um custo acrescido” para esta representação diplomática, resolveu viajar para a Espanha para tentar salvar a sua vida.

“Os médicos em Portugal apresentaram-me a possibilidade de fazer um transplante. No entanto, quando fui pedir à embaixada um relatório, que era preciso incluir no processo, foi-me negado esta possibilidade. A funcionária que me atendeu disse que nem podia me facultar o documento. Deveria, primeiro, regressar para Cabo Verde porque só tinha ido fazer uma consulta”, lamenta Edmilson da Luz.

O relatório médico deste jovem mostra que, quando chegou em Portugal, apresentava um quadro clínico de mal-estar geral, náuseas, vómitos, cefaleia, edema e perda significativa de peso: de 15 quilos. Além disso, conta, sofria de uma grave anemia, com necessidade de transfusões, entre outros problemas graves que fragilizavam ainda mais sua saúde.

O ano passado, 2019, foi a segunda vez que Edmilson saiu de Cabo Verde para Portugal para tratamento. Da primeira vez, em 2017, só pode ficar naquele país luso por quatro meses, antes de ser mandado de volta para o arquipélago. Mas teve que regressar, pois  os problemas prosseguiam e os exames não tinham sido concluídos.

“Enquanto estive em Cabo Verde tive sepse, com perdas de memória por duas semana e problemas no pulmão. Não conseguiam diagnosticar as causas. Passava o meu tempo internado e, quando era enviado para casa, tinha que usar a todo tempo uma bomba de oxigénio”, diz este cabo-verdiano, que “grita” por socorro porque, afirma, quer viver. Quando percebeu que não havia condições de continuar em Portugal, a alternativa foi seguir para Espanha, onde vive a sua namorada.

Na Espanha, diz, está a receber todo apoio hospitalar, designadamente tratamentos e hemodiálise, sendo que cada sessão custa mais de mil euros. “Eles aceitaram tratar-me de graça porque colocaram a minha saúde em primeiro plano. Sabem que não tenho condições de pagar, ja que estou neste país sem documentos e, por isso, não posso trabalhar”, sublinha.

Hemodiálise

O jovem conta que os quatro anos de hemodiálise têm sido muito dolorosos. Felizmente, colocaram-lhe agora possibilidade de entrar na fila do transplante, mas para isso teria que se legalizar. É neste sentido que Edmilson pede ao Governo de Cabo Verde que intervenha e o ajude a tentar, por esta via, salvar a sua vida. “Tenho 29 anos. Sou muito jovem e quero viver. Sinto que a minha única hipótese é o transplante e, para isso, tenho que estar an lista. Mas, sem papel é impossível”, clama.

A pandemia de coronavírus que neste momento o mundo enfrenta é outra preocupação de Edmilson da Luz. Isso porque, afirma, a doença mostra-se particularmente mortal, sobretudo nos casos em que a pessoa sofre de doenças crónicas. Ao mesmo tempo, admite que a sua vontade, neste momento, era estar em Cabo Verde, próximo da sua família. No entanto, a sua condição o obriga a procurar fora o que o sistema de saúde nacional ainda não lhe oferece. 

Sidneia Newton (Estagiária)

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