Grupo “Basta de Gabrielas” faz tributo a Gabriela e a todas as mulheres vítimas de violência

O grupo “Basta de Grabrielas”, constituído por 17 mulheres de Ponta do Sol em Santo Antão realiza este domingo, 01 de novembro, um tributo a Gabriela Évora, assassinada recentemente na Boa Vista, e a todas as mulheres vítimas de violência. Vão fazer um cordão humano estático na praça da igreja, na Cidade da Ponta do Sol, com máscara, distanciamento e cumprindo as demais medidas de prevenção a Covid-19. Querem ainda estimular movimentos similares em outros pontos do país.

Em entrevista ao Mindelinsite, Ariana Margarete explica que este grupo nasceu na cidade de Ponta do Sol, de onde Gabriela era natural, a partir de um convite de um familiar. São mulheres que sentiram a sua dor e resolveram abraçar esta causa. “Criamos o grupo ‘ Basta de Grabrielas’ e a nossa primeira acção de protesto vai ser um cordão humano para pedir as autoridades para terem mais atenção às questões das mulheres. É um apelo à prevenção, mas também queremos dizer as mulheres para não terem medo de recorrer à polícia quando se sentirem ameaçadas. É uma chamada de atenção para a grave situação de violência contra as mulheres”, informa. 

Mas a ideia não é ficar por aqui. Ariana Margarete afirma que o grupo quer alargar esta luta à outros pontos do país. Quer ainda formalizar o grupo, desenvolver outras acções e, no futuro, exigir “A Lei Gabriela”, como sugeriu Miriam Medina, coordenadora da Associação Mon na Roda. “Inicialmente queríamos fazer uma marcha mas, em conversa com a delegada de Saúde, fomos aconselhados a seguir outras vias por causa da Covid-19. Decidimos então fazer um cordão humano estático, com máscara, respeitando o distanciamento e outras medidas de prevenção. Contamos com apoio da Delegacia da Saúde, Polícia e Bombeiros. O cordão vai ser feito no Largo da Igreja, abarcando os quatro cantos da praça”, detalha a porta-voz.

Todos os presentes deverão apresentar-se com t-shirts brancas, com excepção de alguns grupos distintos: amigos de infância de Gabriela, colegas de escola e outros, que terão faixas pretas nos olhos para simbolizar o sofrimento. Outros grupos vão trajar t-shirts pretas para pedir paz e expressar a dor das muitas mulheres um pouco por todo o país que passam por situações de violência e camisolas com imagem de Gabriela. Haverá ainda uma grande faixa com várias mãos e nomes de mulheres cabo-verdianas vitimas de feminicídio. “Estamos ainda a fazer o levantamento, mas acreditamos que perto de 40 mulheres foram mortas em Cabo Verde por seus companheiros, namorados ou maridos. Queremos abraçar também os familiares das vitimas, que também sofrem com as perdas”, indica. 

Para além das mulheres, um grupo de homens da cidade de Ponta do Sol vai estar neste cordão humano, em solidariedade para com esta causa. “Queremos que Cabo Verde esteja connosco neste dia. É uma acção voltada para as mulheres, mas é também para toda a sociedade. Podem, por exemplo, acender uma vela, ter uma flor na mão ou uma mensagem alusiva. Seja em qualquer parte do país ou da diáspora, estaremos em sintonia porque somos mulheres e exigimos respeito”, desabafa Ariana, que lança um apelo aos participantes do cordão humano, que deverá começar a ser formado por volta das 14 horas, para levarem álcool gel. Esta garante que a organização vai estar preparada mas, se as pessoas estiverem sem máscara, não poderão participar porque “não vão colocar ninguém em risco”.

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