A responsável da OMCV em S. Vicente desafiou os deputados e os governantes a oferecerem, pelo menos, o valor monetário de um dia dos seus salários a famílias pobres. Isto, diz, para não sugerir um abaixamento dos seus vencimentos neste período de pandemia, que tem estado a afectar a saúde das pessoas, o rendimento dos agregados e a tesouraria das empresas.
Segundo Fátima Balbina, ontem teve o cuidado de acompanhar o debate sobre a situação da pandemia e ficou na expectativa de ouvir uma proposta do género, mas ficou decepcionada. “Há um apelo generalizado à solidariedade, mas os deputados e os governantes não dão o exemplo”, lamenta Balbina, para quem esse dinheiro deveria ser entregue directamente aos mais necessitados para adquirirem os bens que necessitam, e não sob a forma de cesta básica.
Aliás, para esta fonte, o gesto de solidariedade deveria ser mais amplo, abrangendo quem tivesse um salário acima dos 50 mil escudos. Excepção feita, diz, ao pessoal do sector da saúde, agentes da PN, bombeiros, outros elementos da Protecção Civil e jornalistas, que, a seu ver, têm prestado um valioso trabalho à sociedade cabo-verdiana neste momento de crise.
Fátima Balbina fez estes comentários após constatar com satisfação o contributo que várias pessoas individuais e empresas deram à campanha lançada pela OMCV-SV em prol dos mais necessitados. A meta inicial era arranjar cabazes e dinheiro para 100 famílias cadastradas, mas esse número subiu agora para 143 agregados, devido a mais inscritos, graças ao apoio conseguido. Até ontem a organização tinha angariado 160 contos e 1.780 quilos de alimentos e produtos higiénicos, tendo começado já a distribuição de forma organizada para evitar aglomerações. A campanha vai continuar devido ao prolongamento do estado de emergência, mas a OMCV pede aos interessados em ajudar para privilegiarem a oferta de leite, acúcar, massa e óleo.
A expectativa da OMCV-SV é que a acção possa mobilizar ainda mais colaboradores dentro e fora do país. Aliás, Fátima Balbina diz ter ficado particularmente sensibilizada com um jovem residente em Portugal que a contactou pelo Facebook e ofereceu 45 contos à causa. Para ela, o valor é significativo e esse gesto deixa-a ainda mais perplexa com o comportamento da classe política cabo-verdiana.