Despedida das férias escolares: Mais de 30 menores detidos e escoltados para a Esquadra do Mindelo

Mais de três dezenas de menores foram fiscalizados, detidos e escoltados à Esquadra do Mindelo na noite de Sábado, no quadro da operação “Verão Segura 2019” desencadeada pela Polícia Nacional, em São Vicente. A maioria dos menores estava a circular na Praça Nova sem a companhia de uma pessoa adulta nessa noite do último final de semana de férias, antes do início de mais um ano lectivo. Os rapazes e raparigas, com uma média de idade de 16 anos, foram entregues aos pais e encarregados de educação horas mais tarde, mediante uma advertência da PN.

A operação começou pouco depois das zero horas quando um contingente da Polícia Nacional, constituído por 45 agentes e oito viaturas, cercou a Praça Nova, encurralando os menores. Estes foram colocados em fila com rostos voltados para a parede, revistados, depois recolhidos em duas viaturas hiaces e levados para a Esquadra da PN no Mindelo.

Um encarregado de educação, que testemunhou e foi dos primeiros a chegar ao Comando, contou ao Mindelinsite que a operação foi estranha e, de certa forma, brutal. “Fui dos primeiros encarregados de educação a chegar à Esquadra porque estava na Praça nesse instante. Quando cheguei ainda os menores estavam dentro das hiaces. Consegui falar com o meu filho e com alguns dos seus amigos. Mas havia muita confusão. O que me foi informado é que, de acordo com a lei, menores não podem estar na rua desacompanhados de pessoas adultas depois da meia noite”, conta este pai, para quem esta operação policial foi enviar uma mensagem aos pais e à sociedade, razão porque, na sua opinião, a PN escolheu a Praça Nova. Porém, para ele, este sítio de convivência social localizado no centro da cidade, é um lugar tranquilo e devia ser vigiado pela Polícia Nacional.

Este critica, no entanto, critica a forma como a operação foi executada. É que, diz, essa intervenção policial não foi antecedida de nenhuma acção pedagógica ou de sensibilização. Por outro lado, acrescenta, os menores foram submetidos a buscas corporais por agentes da PN. “Foi a primeira operação do género realizada este verão pela PN. Penso que, antes, a PN devia ter feito uma acção pedagógica. Também deviam preparar melhor e, por exemplo, colocar mulheres para vistoriar as meninas. Por causa da falta de coordenação, tivemos de aguardar mais de hora e meia para libertarem os nossos filhos. Foi um ambiente caótico.”

Este lembra que, por serem menores que estavam apenas sentados a convier na Praça Nova devia haver alguma cautela. “Estamos a falar de menores que estavam a conversar e a divertir-se quando foram surpreendidos pela polícia. Ficaram assustados. A PN deveria agir rapidamente para os liberar, enquanto os pais e encarregados de educação fossem chegando. Mas não foi isso que aconteceu. Estivemos cerca de 1h30 na Esquadra à espera”.

O chefe da Esquadra de Fonte Inês confirma a ocorrência desta operação, que culminou com a escolta de menores desacompanhados de pessoas adultas ao Comando Regional da Polícia Nacional. Segundo Marindo Neves, o propósito foi, essencialmente, chamar a atenção dos pais e encarregados de educação para a lei que interdita menores de estarem na rua desacompanhados depois das zero horas.

“Abarcamos a Praça Nova, a praia da Lajinha e as localidades da Bela Vista e Campim. Estiveram no terreno 45 elementos e oito viaturas. A operação decorreu das zero horas às 2h30, em duas modalidades: detenção de menores desacompanhados, com idade compreendida entre os 15 e 16 anos, e fiscalização de trânsito, buscas no interior de viaturas e revistas de ocupantes”, informa.

Foram abordados e registados um total de 671 indivíduos na via pública e locais abertos e fiscalizados vários bares. De acordo com Neves, a PN recolheu alguns tacos de drogas e duas facas e encerrou e suspendeu uma festa não autorizada que decorria no Clube Castilho. A nível do trânsito rodoviário, 33 veículos foram fiscalizados e submetidos a busca.

“Abordamos e revistamos 56 pessoas, ocupantes das viaturas. Realizamos 22 testes de alcoolemia e procedemos à detenção de dois indivíduos, que vão ser apresentados hoje ao Ministério Público, um por efeito de álcool e outro por desobediência, isto é, recusa de realização do referido teste de alcoolemia.”

Ainda no decorrer da operação, a PN apreendeu três cartas de condução, duas por estarem em mau estado de conservação e uma na sequência da detenção sob efeito de álcool. Foram também apreendidas seis viaturas por falta de seguro e documentação, segundo o chefe de esquadra de Fonte Inês.

Constânça de Pina

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