Um cordão humano abraçou no final da tarde de ontem a praia Lajinha de ponta a ponta e aplaudiu em defesa da Enseada de Coral e em solidariedade com a floresta da Amazónia no Brasil. Esta chamada de atenção às autoridades foi organizada pelo grupo de protecção da enseada de coral. Alguns participantes deslocaram-se propositadamente para participar deste acto, outros eram banhistas recrutados na praia e que aderiram de boa-vontade. Ostentavam cartazes com slogans como “Crime ambiental”, “Mais respeito pe nôs mar”, “Canhão de Lama” e “Salvá Lajinha”.
De megafone na mão, em poucos minutos Guilherme Mascarenhas juntou um grande número de pessoas que deram as mãos formando o cordão humano em prol destas duas causas. Á imprensa, este mostrou-se satisfeito com a participação das pessoas, mas nada surpreso, tendo em conta que, segundo disse, é grande também a adesão ao abaixo-assinado. “O povo de São Vicente e da Lajinha está connosco. Este cordão humano é para pedir as autoridades para ouvirem o povo. A lei diz que a enseada deve ser preservada, a ciência e a beleza do local também. O local tem uma enorme riqueza em termos científicos e pode render dinheiro em termos de postos de trabalho para pessoas que levam turistas para conhecer. Estamos a falar de um lugar que é ainda muito importante para o lazer das pessoas”, enumerou.
Mascarenhas explicou que integra um grupo de protecção da enseada constituído por 200 pessoas, mas que cresce dia após dia. “Todas as semanas aparecem mais pessoas para conhecer a enseada. Ficam encantadas e vão adquirir equipamentos para passarem a fazer mergulhos. Não podemos permitir que este lugar, que é fantástico, seja destruído. As autoridades precisam agir e já. Se eu tivesse puder, arranjava de imediato algumas pessoas para abrir um buraco para desviar a saída da chuva para areia até encontrar uma melhor solução. Durante anos a água escoava na área e limpava rapidamente. Depois de canalizada para a enseada, a pouca chuva que caiu no ano passado deixou marcas. Se chover agora, pouco que seja, podem ter certeza que a enseada vai ser afectada”, acrescenta.
Esta linha de pensamento é defendida também pelos participantes no cordão. É o caso da professora Mirita Veríssimo, que desafiou outras pessoas a aderirem porque, se todos fizerem um pouco, será possível proteger a enseada. “Esperamos que esta acção venha a despertar a consciência das pessoas. Estamos aqui a abraçar uma causa ambiental importante e esperamos que tenha eco”, frisou. César Body, que se considera um frequentador assíduo da praia da Lajinha, acredita que muitas outras pessoas gostariam de estar no cordão humano, mas têm vergonha. “Estou aqui para abraçar esta causa e para dar um pontapé de saída nesta luta, na expectativa de sucesso. Frequento esta praia deste sempre. Hoje estou fora do país, mas nas férias estou aqui todos os dias. Como dissemos em crioulo ´Lajinha criame dente`. Não conheço a enseada de coral, mas vi as pessoas a darem as mãos e entendi que deveria fazer a minha parte”, pontua.
Algumas crianças que estavam na praia também entraram no cordão em prol da Lajinha e da Amazónia. É o caso de Naison Varela, que reside em Luxemburgo e que estava acompanhado dos pais. Esta criança fez questão de deixar uma mensagem de apelo as pessoas para protegerem a Lajinha. “Sentimo-nos aqui como se estivéssemos numa piscina, mas muito melhor. Precisamos proteger esta praia. Sempre que venho de férias frequento a Lajinha. Esta é uma praia muito bonita”. Com muito mais idade, o Sr. Artur, que está na Lajinha todos os dias, faça sol, vento ou chuva, também desafia todos a proteger a enseada de coral e esta praia. Segundo este cidadão, quando chove o mar fica turvo porque toda água que vem Chã de Alecrim, mas também os esgotos, entram no mar. “Fizeram um escoamento, mas ficou pior agora. Já mergulhei na enseada e é muito bonita. Temo que, mais dia menos dia, se nada for feito, a chuva possa matar o coral”.
Já Carlos Costa foi dos poucos que lembrou que esta acção abarcava também a floresta Amazónia. Á imprensa, este conta que a sua decisão de entrar no cordão humano porque é preciso preservar o coral e tentar reduzir o lixo na praia da Lajinha, mas também em solidariedade para com a floresta Amazónia, que há mais de duas semanas está a arder. É que, no caso da Lajinha, é um frequentador assíduo e ama esta praia. Já em relação à Amazónia, as queimadas persistirem será uma catástrofe a nível mundial.
Constânça de Pina