Controlo na escola Salesiana: Mães afirmam que regras da nova direcção estão a provocar pânico nas crianças

Novas medidas de controlo da entrada de alunos e dos próprios pais na escola Salesiana foram criticadas por Ariana Lopes e Rosiane Reis, que acusam o novo director do estabelecimento de agir de forma unilateral/autoritária e estar a provocar um corte na relação dos encarregados de educação com o estabelecimento de ensino. Segundo Ariana Lopes, as mudanças estão a provocar fortes constrangimentos e até temor no seio das crianças, que agora estão com medo de chegar atrasadas para não serem barradas à porta. Neste momento, revela essa mãe, se um aluno aparece 10 minutos para as 8 horas é-lhe travado o acesso ao estabelecimento, quando antes havia mais tolerância nesse aspecto. Aliás, acrescenta essa também docente, o próprio ministério da Educação estabelece que essa tolerância seja até às 8 horas e trinta minutos.

O pior, prossegue Ariana Lopes, é que as novas orientações sequer foram comunicadas aos pais, que acabaram por ficar a par delas na prática. Como ambas as mães contam, os seus filhos enfrentaram constrangimentos supostamente criados pela porteira, quando esta obrigou os alunos a ficar à porta da escola à espera porque estavam alegadamente atrasados. “Já sentimos essa medida na pele. Mesmo chegando antes das oito horas a criança não entra. É que agora os professores têm de colocar os alunos em fila no pátio para depois irem juntos para a sala”, explica Ronise Reis, por seu lado.

As novas medidas, assegura Ariana Lopes, estão a provocar o pânico nas crianças. Como conta, o seu filho saiu a correr para poder estar em tempo na fila e acabou por cair no meio do pátio. Foi socorrido pelos professores. Essa imposição, acrescenta, está a provocar stress até nos pais, que, diz, muitas vezes aceleram as viaturas para poderem chegar a tempo à escola. “Quando as pessoas vêm um carro vindo com alguma velocidade já sabem que é por causa do horário de entrada dos alunos”, ilustra essa mãe, que acusa ainda a escola de colocar na porta uma funcionária sem perfil para o atendimento. “Ela não sabe falar com os pais!”, afirma Ariana Lopes, que, conta, negou ser barrada à entrada quando foi levar os óculos do filho que ficaram esquecidos em casa. Conta que, ao tentar subir para a turma do filho, tentaram barrar-lhe o caminho, alegando que os óculos deveriam ser entregues por um funcionário. Não aceitou e foi ela mesma levar os óculos.

Outra medida contestada pelas duas mães tem a ver com a actividade “Bom dia”, que antes era feita na Capela da escola e que agora passou para a sala de aula. Isto, advertem, sem o conhecimento prévio dos pais. Como Ariana Lopes explica, antes os alunos iam para a Capela e dali eram levados pelos professores para a aula. Agora as coisas ficaram mais confusas, na sua opinião. No entanto, para ela, tudo isso acontece com a conivência dos professores, que, inclusive, estão com medo de atrasar para não serem também repreendidos. Estes, diz, devem lembrar-se que são quadros do ministério da Educação e que não devem compactuar com essa situação.

Garantir a ordem e a segurança dos alunos

As orientações emanadas da direcção da escola, assegura o padre Luís Peralta, visam assegurar ordem e a segurança dos alunos quando estes vão para a sala de aula e não são rigorosas, como se possa pensar. Segundo o director, que assumiu funções há alguns meses, nenhum aluno é impedido de entrar e pior ainda de assistir as aulas, se chegar atrasado. Apenas terá que aguardar alguns minutos enquanto os colegas são encaminhados pelos professores para as respectivas salas. Como enfatiza, os alunos devem agora entrar na aula acompanhados dos professores.

“A escola está aberta a partir das 7 horas e 30 minutos. Agora os alunos passaram a ser agrupados em fila debaixo do pórtico e depois sobem as escadas em ordem para as salas, acompanhados dos respectivos professores. Tomamos essa decisão porque costumavam subir as escadas de qualquer forma, o que representava uma certa insegurança para as crianças mais pequenas. Além disso, faziam muito barulho”, explica o padre Luís, assegurando que há uma hora fixa para os estudantes estarem à porta do estabelecimento. Assim que vão chegando, diz, são encaminhados pelo coordenador pedagógico. Em caso de atraso, prossegue, o aluno é levado à sala de aula, o professor toma nota do sucedido e depois informa os pais ou encarregados de educação.

Em relação à actividade “Bom dia”, explica o director que optaram por passar a faze-la na sala de aula porque, da forma como estava estipulada, criava constrangimentos. Como lembra, a escola só tem uma Capela, há várias turmas, algumas tinham essa actividade a meio do dia, o que interrompia as aulas. No entanto, frisa, a cada quinzena, o “bom dia” – apresentação de um tema seguido de uma oração – acontece na Capela. Ele que nega qualquer clima de intimidação dos professores que leccionam na Escola Salesiana do Mindelo.

Kim-Zé Brito

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