A Comissão Cívica para a Valorização da Matiota (CCVM) lançou um concurso de ideias intitulado “Matiota é Nossa”. Trata-se de um desafio lançado à sociedade civil, os especialistas em particular, no caso arquitectos, urbanistas, sociólogos e ambientalistas, para apresentarem propostas, que serão discutidos em um encontro de trabalho com a Enapor, que vai coordenar o projecto.
Em declarações ao Mindelinsite, António Pedro Silva explica que a CCVM vai em breve discutir com a Enapor as possíveis intervenções à serem feitas na Matiota, conforme ficou acordado no encontro com o Ministro do Mar. “Lançamos por isso este concurso para, quando formos para este encontro, levarmos um conjunto de ideias propostos pelos mindelenses. É que estamos a falar de um lugar publico, pelo que temos de ouvir às pessoas, antes de qualquer decisão. Penso que temos muito a aprender com os futuros usuários. Não cabe a esta comissão e nem a administração da Enapor decidir”, afirma.
Para já, a CCVM tem garantido um financiamento entre 10 a 12 milhões de escudos para a valorização da Matiota, que serão disponibilizado pela Enapor. Mas, de acordo com Silva, as propostas e projectos terão de partir da sociedade civil. “Com isto, queremos passar duas mensagens, sendo a primeira para quem ocupa cargos de responsabilidade, realçando que estão a representar a vontade das pessoas. Outra mensagem é estimular a população, mostrando que ela tem algo a dizer”, acrescenta Pedro Silva, para quem deve imperar sempre a vontade colectiva em detrimento da individual.
O concurso foi lançado nas redes sociais desde o dia 06 de maio e, de acordo com Silva, já receberam algumas propostas através da sua pagina no facebook e por email, desde a construção de um aquaparque de qualidade, escola de natação, windsurf, mergulho e técnicas de primeiros socorros, com espaços para vendedeiras, campos de futebolin/basquet/tenis ou vôlei de praia. “Queremos receber também propostas dos nossos arquitectos e outras classes profissionais para mostrar que têm responsabilidades em ajudar a construir esta cidade. Entendo que têm o direito e também o dever de participar, o que não podemos é abster. Não podem é estar disponíveis apenas quando há lucro.”
Outra franja que Silva também quer ver participar com ideias e projectos são as escolas do ensino básico e secundário de São Vicente porque, afirma, as crianças são as que mais vão usufruir deste espaço. E vão ser ouvidos. “Neste sentido, vamos aproximar das escolas e vamos pedir aos professores para levarem os alunos para Matiota, para falar com eles sobre a sua importância e estimulá-los a elaborar projectos. Todos temos ideias interessantes”, enfatiza.
Pelo menos nesta fase, o espaço de intervenção está delimitado e abarca apenas a margem e a praia. Mas Silva é categórico em afirmar que toda a área pertence a população. Admite, no entanto, que uma parte foi vendida à privados. “O Governo não quer entrar em polêmica e nem incompatibilizar com as partes envolvidas. Assim, mostra-se disponível para cooperar e financiar uma intervenção apenas no espaço junto ao mar. É neste que vamos centrar agora. Queremos abarcar toda a zona”, anuncia.
Os trabalhos terão a coordenação da Enapor com quem a CCVM vai trabalhar a ideia e a execução.
Ortofoto: Eng. Jandir Medina