A agência funerária Freitas e Fortes resolveu inovar na sua oferta de caixões e importar para São Vicente urnas personalizadas, destinadas aos “fanáticos” dos clubes de futebol. O primeiro teste incluiu a importação de urnas com símbolos dos três maiores emblemas portugueses. O caixão do Benfica foi o primeiro a ser encomendado, seguido de o do Sporting e por último… FC Porto.
Foram apenas três caixões que a agência importou e que tiveram saída garantida em S. Vicente. “Queríamos perceber o impacto dos caixões com imagens de clubes na nossa sociedade, com receio que as pessoas levassem isso a mal, pensando que estivéssemos a brincar com um tema sério. Por isso trouxemos este número limitado de urnas”, explica Cely Freitas. Esta fonte, filha da proprietária da empresa, foi quem teve a ideia de incluir emblemas de clubes na “montra” de caixões. Pouco tempo depois ficou a saber de uma parceria do Sport Lisboa e Benfica com outra agência funerária, mas que não incluía imagens dos clubes, como aquelas que “desenhou”.
“A nossa família vive o futebol intensamente, somos torcedores do Mindelense, por isso tive a ideia de proporcionar aos familiares dos malogrados uma forma de homenagearem os seus entes”, explica. Para ela, se alguns mortos pudessem escolher, prefeririam “sem dúvida” ser enterrados numa urna do seu clube do peito.
“Dona” Lili Freitas, gerente da casa funerária, acrescenta que a confiança de anos que mantem com os seus fornecedores em Portugal faz com que tenha abertura para encomendar caixões personalizados de todo o tipo. Por isso não descarta a possibilidade de trazer urnas exclusivas para torcedores de clubes nacionais. “Foi um teste que fizemos. Percebemos que no início as pessoas ficam meio reticentes, a recear o que os outros vão pensar. Mesmo assim recebemos pedidos para caixões de outros clubes que já não estavam mais à venda. Por isso acredito que em breve teremos mais disponíveis”, promete Lily Freitas, que abriu a sua agência depois de ter sido mal atendida por outra empresa num momento de luto, nos anos noventa. Resolveu fundar a sua própria empresa, diz, para proporcionar mais dignidade aos mortos e apoio às famílias enlutadas.
Sidneia Newton (Estagiária)