Em um mês a cabo-verdiana Natalie Gomes, que vive em Luxemburgo, conseguiu arrecadar na sua vizinhança 550 euros para ajudar famílias em Cabo Verde e tem ainda encomendas em tambores que serão enviados ao país. Desafiando a quarentena obrigatória na localidade onde vive, Nat, como é conhecida, mobilizou através das redes sociais amigos, familiares e conhecidos para ajudar o país.
Apesar de em muitas partes do mundo famílias estejam a passar por imensas dificuldades, Natalie diz-se particularmente solidária com a situação dos patrícios. O seu histórico de solidariedade e o facto de conhecer muita gente fez com que as pessoas na sua comunidade acreditassem nela como uma ponte para fazer chegar apoios a Cabo Verde.
“Desde o mês de Março que estamos em quarentena e comecei a requisitar ajuda dos vizinhos, com pedido em dinheiro. Pedi montantes que variavam entre cinco euros, dois ou o que uma pessoa pudesse contribuir, porque entendemos que as outras pessoas também estão a passar por dificuldades”, explica.
De grão em grão, em abril ja tinha arrecadado 250 euros e decidiu apoiar a delegação da Organização das Mulheres de Cabo Verde, por acreditar nos seus projetos e por ser parceira da instituição há algum tempo. “Como não gostam que sejam enviado dinheiro, contactamos o site DjuntoCV e, via online, compramos uma grande quantidade de alimentos. Em Maio conseguimos comprar mais 109 euros e transferimos para a OMCV mais 200 euros, para poderem incluir um valor monetário nas cestas básicas que entregam”, explica.
Dinheiro e género alimentícios
Foram mais de 550 euros em comida e géneros alimentícios. E este valor foi conseguido apenas junto de vizinhos, através de solicitações que tem feito nas redes sociais e de ajudas directas colocadas na sua caixa de correio. Também recebeu outros apoios em roupas e géneros que pretende despachar para Cabo Verde, assim que a situação estiver melhor.
Natalie Gomes é filha de cabo-verdianos e nasceu em Luxemburgo. Sempre procurou meios para canalizar apoios para o país dos seus progenitores. Ultimamente, em parceria com a OMCV em São Vicente, tem intensificado ainda mais as doações e campanhas em prol do desenvolvimento país.
Conta que em junho de 2017 veio de férias, conheceu Fatima Balbina, a delegada da OMCV na ilha do Monte Cara, e simpatizou-se com a organização. “Eu queria ajudar também, independentemente da associação que antes fazia parte. Em Janeiro do ano seguinte, antes de ir para Cabo Verde lancei nas redes sociais um apelo para poder ajudar a OMCV. A campanha que teve a duração de um mês visava arrecadar roupas, materiais escolares, junto da comunidade e os pontos de recolha foram o café “Be One”, muito frequentado por cabo-verdianos naquele país e minha casa”, conta.
Donativos em materiais escolares
Conseguiu arrecadar uma grande quantidade de donativos. Só em materiais escolares, exemplifica, foram 1400 lápis, 380 canetas e 210 cadernos. Enviamos para a OMCV um total de quatro tambores. Veio depois para acompanhou a delegada nas escolas, para a entrega dos materiais escolares.
Além da OMCV, com sede na ilha do Porto Grande , esta cidadã levou para Santo Antão roupas, materiais escolares e de higiene. A partir daí, conta, houve outras campanhas com mais sucesso e, no ano passado, junto com familiares, amigos e conhecido, enviou para a OMCV mais nove tambores.
A estratégia usada, tirando as campanhas, é realização de “tardes de chá”, nome atribuído a actividades solidarias em Cabo Verde. No Luxemburgo, fazem eventos no café ‘Be One’ com venda de produtos como bolos, feitos por portugueses radicados naqueles país e que ajudam. O dinheiro conseguido serve ainda para as despesas alfandegárias.
Idosos com mobilidade reduzida também mereceram a atenção de Gomes. Ela conta que conseguiu algumas cadeiras de roda e um andarilho que fez chegar ao território nacional. O facto de trabalhar na área da saúde fez com que colaborasse também com a entrega de luvas e desinfetantes em alguns hospitais em Santo Antão.
Nat, mesmo não tendo nascido cá, nutre pelo país um carinho especial. “Cabo Verde é o berço dos meus pais e todos os anos vou para ver a família. Conheço quase todas as ilhas, por causa dos intercâmbios que antes fazia com outros jovens em Luxemburgo”, explica a jovem, numa variante do crioulo santantonense tradicional.
Covid-19
Neste momento as atenções estão voltadas na direção das famílias afetadas com o novo Coronavírus. Paralelamente, tem agendado uma viagem a São Vicente em Setembro, caso as fronteiras forem abertas e promete não baixar os braços para poder ajudar mais pessoas vulneráveis.
Sidneia Newton (Estagiária)