Altitude.cv leva 16 crianças a voar de parapente após campanha de limpeza na Praia Grande, em S. Vicente

Dezasseis crianças da Escola Portuguesa do Mindelo e da aldeia SOS juntaram as mãos com adultos e retiraram 10 sacos grandes de lixo do areal da Praia Grande, no passado Sábado. Como recompensa tiveram a rara possibilidade de realizar voos de parapente sobre essa zona do Norte da Baía das Gatas, a uma altura máxima de 350 metros, levadas por dois instrutores da empresa Altitude.cv. Para ganharem o direito a entrar nessa actividade, que contou com a parceria do Aeroclube de Cabo Verde – Associação dos Pilotos de Cabo Verde -, os alunos da EPM tiveram de produzir materiais e desenhos alusivos ao mundo da aeronáutica. Os autores dos seis melhores trabalhos foram selecionados e fizeram equipa com mais dez crianças escolhidas pelo referido centro juvenil nessa actividade.

“Cada voo demorou em média 15-20 minutos para podermos dar a oportunidade a cada uma das 16 crianças. Reagiram com a alegria própria da idade porque foi a primeira experiência. No entanto, elas já sabiam algo sobre o voo do parapente daquilo que ouviram de outros colegas que tinham voado antes e das imagens”, revela Emi Carvalho, responsável e instrutor de voo da Altitude.cv, para quem as crianças mostraram uma elevada motivação na campanha de limpeza tanta era a expectativa em voar de parapente.

Estas puderam planar sobre a praia Grande, o oceano e sobre as montanhas e ver parte da ilha de S. Vicente de uma perspectiva privilegiada. Aliás, várias crianças e adultos já tiveram essa sorte com a colaboração do português Emi Carvalho, instrutor de voo que descobriu S. Vicente em 2016, enquanto voluntário de um projecto social desenvolvido com a Associação Amigos do Calhau. Durante os sete meses que passou em S. Vicente teve a oportunidade de explorar a ilha e mapear as melhores zonas de voo, num total de doze. Segundo Carvalho, Cabo Verde apresenta boas possibilidades de uso do parapente, mas a região S. Vicente – Santo Antão é a mais ideal por possibilitar a realização de voo durante todos os dias do ano. Além disso, as duas ilhas oferecem imagens combinadas de montanhas, oceano e praias de mar.

As condições de voo são das principais razões que levam esse investidor a instalar a sede da Altitude.cv na ilha do Monte Cara. A partir de Janeiro, informa Emi Carvalho, passará a estar presente em S. Vicente de forma permanente e tocar o projecto para frente. A ideia é continuar a promover esse desporto em Cabo Verde, formar pilotos e oferecer serviço a nacionais, estrangeiros residentes e a turistas. Para o efeito pretende fazer uma abordagem mais forte junto das agências de viagem e turismo e hotéis de modo a conseguir mais turistas como clientes. “O principal objectivo é tornar a empresa sustentável e ao mesmo tempo formar pilotos qualificados”, esclarece Carvalho, cuja empresa tem neste momento disponível 3 parapentes duplos – que possibilitam voos com instrutor e passageiro – e nove individuais, que utiliza nas aulas.

A segurança é a principal preocupação que norteia a decisão dos monitores da Altitude.cv, segundo Emi Carvalho. “O parapente pode ser muito inseguro ou extremamente seguro dependendo das decisões tomadas. A primeira preocupação é a segurança, isto é, se há boas condições meteorológicas de voo. Tentar voar no dia errado torna este desporto muito perigoso”, adverte o instrutor, que ainda não sofreu nenhum acidente em Cabo Verde. Isto porque, explica, vem da Escola Suíça onde a segurança é uma questão crítica. Aliás, faz pouco tempo, revela, negou voar durante dois dias no interior de Santiago por causa das condições meteorológicas, apesar da pressão para colocar o parapente no ar. Segundo o instrutor, se as medidas de segurança forem levadas em devida conta, andar de parapente é mais seguro que conduzir um carro.

Kim-Zé Brito

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