As águas e a areia da praia mais frequentada pelos mindelenses, bem como pela maior parte dos turistas de cruzeiro que demandam o país, a Praia da Laginha, encontram-se contaminadas por matéria fecal, de origem animal e proximidade de esgotos. Pior que a Laginha só Kebra Canela, na Praia. Resultado de um estudo feito pela Universidade Jean Piaget, tornado público hoje pelo docente Dr. Hélio Rocha, licenciado em Análises Clínicas, doutorado em Doenças Tropicais e Saúde Global.
Por: Américo Medina
No longínquo 2014, segui por algum tempo os relatos sobre o desespero dos Mindelenses, à volta de um grande abacaxi que, a todos provocava “coceira”, naquele entonces : os cães vadios!
Desde a Ribeira de Vinha, passando por Montsú, Ribeirinha e Fonte Inês, Chã de Alecrim, Baía das Gatas, Casco Histórico de Mindelo…, todas as comunidades, coletividades, ordens, irmandades e confrarias estavam agastadas, indignadas e coléricas algumas, devido aos riscos e problemas sanitários, danos/prejuízos materiais que disseminavam por tudo quanto era sítio esses cães doentes, esfomeados, agressivos e cada vez em maior número.
Passados cerca de 10 anos, não obstante os discursos e enunciados sobre a atratividade do destino turístico que é SV/Mindelo, sobre o turismo que se pretende de qualidade; marcas de hotelaria e viagens de renome investindo em North Country, a nossa Riviera; a despeito do aumento da procura dos almejados cruzeiros, atração de eventos de relevo como o “Ocean Race” e a “Cimeira dos Oceanos”, um Carnaval 2023 de nível galáctico, o problema persiste e está de novo fora de controle… – alguma vez terá estado sob controlo ?
As autoridades sanitárias da Ilha (corresponsabilidade da CMSV e DS) têm que fazer melhor(!), a situação é intolerável e torna-se confrangedor ver como responsáveis/autoridades se escudam em argumentos do tipo “…isso faz parte da cultura do nosso povo”, “…é tradição”, “são hábitos antigos” para justificarem o injustificável, para não usarem da sua autoridade e recurso ao Código de Posturas Municipais para nos defenderem dos riscos que representam esses cães, sobretudo os riscos sanitários!
Ora, com essas matilhas de cães doentes por tudo quanto é sítio, esgotos descosendo pelas costuras, inadequado tratamento por quem de direito dos vários tipos de resíduos que estamos produzindo, se entende essas “viroses” extensas, intensas e estranhas que nos desassossegam e que o nosso “bichinho de estimação” a bactéria Shigella, fez a festa que fez entre nós no último verão.
Curioso é que todos quantos contaminados foram tratados como se de uma virose se tratasse e, não de uma infeção bacteriana (fecal-oral), como devia ser! Na Holanda e Inglaterra, os casos de turistas que regressaram doentes foram tantos que soou o alarme sanitário e o assunto foi parar aos jornais.
É que não podemos dar-nos por satisfeitos porque temos brigadas de varredeiras e varredores em quantidade suficiente para limparem as principais artérias da cidade, do “lixinho” limpo que traz e leva o vento no dia-a-dia ou que “contamina” 4 ou 5 artérias no centro da cidade na Quarta-feira de Cinzas, devido a passagem dos foliões na véspera.
A questão sanitária que nos desafia nesta cidade vai muito mais além do que isso, pois não é apenas com mais vassouras e brigadas de varredeiras e varredores (que todos respeitamos e acarinhamos, quem os pode patrocinar que o faça) que evitamos as infeções de Shingella tão massivas , as viroses tão extensas e que com maior frequência e virulência nos afligem; que preservemos a qualidade da água e a areia da Laginha, cujas análises tornadas públicas ontem nos dizem que se encontram contaminadas por matéria fecal de origem animal e proximidade dos esgotos!
Pior que a Laginha só Kebra Canela, na Praia.