Ao fim de 14 dias de paralisação de nove departamentos do governo norte-americano, Donald Trump não parece estar disposto a ceder. Sem acordo entre democratas e republicanos para fechar o orçamento desses departamentos, onde se incluem questões relacionadas com a segurança nacional, o presidente norte-americano ameaçou esta sexta-feira manter a paralisação durante “meses ou anos”, se a sua proposta de construção do muro na fronteira com o México, com dinheiro dos contribuintes, não avançar.
A ameaça foi feita durante mais uma reunião na Casa Branca entre o presidente e os líderes dos democratas e dos republicanos, que se revelou outra vez infrutífera. Apesar de Donald Trump ter classificado a reunião de duas horas com os democratas como “muito produtiva”, revelando que tinha designado um grupo para avançar com as negociações durante o fim de semana, os democratas não saíram do encontro com o mesmo entendimento. “Conflituoso”, foi como o classificaram.
O impasse mantém-se, na medida em que Trump não abdica de inscrever no orçamento estatal 5 mil milhões de dólares para construir o muro entre o EUA e o México — procurando cumprir uma promessa de campanha. Enquanto o impasse dura, os departamentos governamentais permanecem paralisados, com os funcionários em casa sem receber salário e os serviços a funcionar em registo de serviços mínimos. Segundo o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, Trump ameaçou manter os nove departamentos encerrados “durante um longo período de tempo — meses ou mesmo anos — até conseguir o financiamento para o muro.
O vice-presidente Mike Pence foi nomeado “pivot” das negociações durante o fim-de-semana e mostrou-se optimista: “Vamos trabalhar intensamente durante o fim-de-semana, trabalhamos de boa-fé”, disse. Tanto Schumer como a presidente da Câmara dos Representantes, a líder dos democratas Nancy Pelosi, afirmaram que pediram ao presidente que reabrisse os departamentos governamentais enquanto os líderes tentavam uma solução para a questão da segurança na fronteira, mas Trump mostrou-se irredutível e ameaçou vetar qualquer projeto de lei que não passasse pelo financiamento do muro. Foi nessa lógica que o Senado, de maioria republicana, afirmou que se recusa a fazer passar qualquer proposta já que o presidente negará assinar à partida.
O shutdown parcial do governo norte-americana dura há 14 dias. O líder dos democratas no Senado acusou o presidente norte-americano de estar a fazer dos funcionários do Estado reféns, mas o impasse parece não ter resolução à vista.
C/Observador.pt