O hacker do Benfica, Rui Pinto, é a fonte material que deu origem ao Luanda Leaks. Francisco Teixeira da Mota e William Bourbon, dois advogados que estão a defender o hacker, confirmaram, em comunicado, a suspeita da Polícia Judiciária, de que o hacker português cujo julgamento está a decorrer é, também, a fonte das revelações sobre os negócios da angolana Isabel dos Santos.
Francisco Teixeira da Mota explicou que, desde o princípio, era intenção de Rui Pinto revelar a autoria da entrega à plataforma de defesa dos whistleblowers e da luta contra a corrupção um disco rígido com esta documentação. O advogado revelou ainda que essa informação foi entregue por Rui Pinto “há mais de um ano” e acrescenta que o hacker “aguardava que o trabalho jornalístico ficasse concluído para assumir que tinha sido ele o whistleblower“, isto é, o denunciante das alegadas irregularidades cometidas por Isabel dos Santos e outros.
O advogado acrescenta que não tem receios sobre a segurança de Rui Pinto — “ele está bem, não tem tido ameaças” — mas diz ter “mais receio de que, em nome da segurança, a administração prisional o queira colocar num estabelecimento prisional de alta segurança, dificultando-lhe o contacto com a família e com a defesa”. Poderia ser uma decisão justificada com “proteção”, mas que acabaria por punir Rui Pinto, defende.
Rui Pinto, diz o advogado, está a “ser tratado como um perigoso criminoso, mantido em prisão preventiva acusado de tentativa de extorsão — não há ninguém em Portugal acusado desse crime preso preventivamente, que se saiba”. “Se ele vai continuar a ser tratado assim ou tratado de outra maneira [agora que se sabe que foi ele quem alimentou o Luanda Leaks] sinceramente não sei”, escreve o Observador, citando Francisco Teixeira.
No comunicado divulgado esta segunda-feira, os advogados diziam que Rui Pinto procurou, com a divulgação, “ajudar a entender operações complexas conduzidas com a cumplicidade de bancos e juristas que não só empobrecem o povo e o Estado de Angola, como podem ter prejudicado os interesses de Portugal”.
Este fim de semana foi noticiado que a Polícia Judiciária acreditava que o hacker Rui Pinto tinha sido o denunciante por detrás do “Luanda Leaks”, que envolve directamente a empresária angolana Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos. Mais de 715 mil ficheiros foram partilhados com o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, através de uma plataforma de proteção de denunciantes em África, a PPLAAF. Mas muitos dos documentos que têm sido divulgados fazem parte do processo em julgamento Football Leaks (que acusa Rui Pinto de 90 crimes), assim como de outros inquéritos em investigação.
Fonte: Observador.pt