Procuradora do caso Marielle diz que porteiro mentiu ao mencionar casa de Bolsonaro na reportagem da Globo

Uma promotora do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro disse a jornalistas na tarde desta quarta-feira, segundo o jornal BBC News Brasil, que o porteiro mencionado ontem na reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, mentiu no seu depoimento à Polícia Civil do Rio. O funcionário disse aos investigadores que uma pessoa na casa do hoje presidente Jair Bolsonaro, no condomínio Vivendas da Barra, autorizou a entrada do ex-PM Élcio Vieira de Queiroz no local, na tarde de 14 de março de 2018. Horas depois, durante a noite, Élcio e outro ex-PM, Ronnie Lessa, teriam assassinado a vereadora Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Gomes.

Conforme esse jornal, a promotora Simone Sibilio disse a jornalistas de diferentes veículos que teve acesso à planilha da portaria do condomínio e também ao registro de áudio do interfone. Segundo ela, o material mostra que o porteiro “interfonou” para a casa 65, de Ronnie Lessa — e teria sido ele a autorizar a entrada de Élcio, e não alguém na casa 58, de Bolsonaro, deputado federal na época.

“A prova técnica comprovou que é a voz de Ronnie Lessa que autoriza um dos executores a entrar no condomínio às 17h07 do dia 14/3/2018”, disse Sibilio em conferência de imprensa, acrescentando, de acordo com esse jornal, que as gravações das conversas entre a portaria e as casas já passaram por perícia, mostrando que não houve qualquer tipo de manipulação ou corte do material. “Não há compatibilidade entre os depoimentos do porteiro (segundo a promotora, foram dois) e a prova pericial.”

Entretanto, o ministro brasileiro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, pediu nesta quarta-feira (30/10) à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal que investiguem o depoimento do porteiro referenciado pela reportagem da Globo, no âmbito da investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.

Entretanto, a Globo emitiu uma nota à reacção de Bolsonaro sobre a reportagem. A empresa afirma no comunicado que “não fez patifaria nem canalhice”. “Fez, como sempre, jornalismo com seriedade e responsabilidade.”

Para a Globo, o depoimento do porteiro, com ou sem contradição, é importante porque diz respeito a um facto que ocorreu com um dos principais acusados, no dia do crime. Além disso, acrescenta o jornal, a mera citação do nome do presidente leva o Supremo Tribunal Federal a analisar a situação.

C/BBC News Brasil

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