Morreu o enfermeiro Vincent Lambert

Morreu esta quinta-feira o enfermeiro francês, Vincent Lambert, de 42 anos, que ficou tetraplégico e em estado vegetativo depois de um acidente rodoviário, em 2008. “Vincent morreu às 8h24 desta manhã” no hospital de Centro Hospitalar Universitário de Reims na França, anunciou o seu sobrinho François, com “alívio” depois de “tantos anos de sofrimento para toda a gente”. “Estávamos preparados para o deixar partir”, continuou.

A morte aconteceu nove dias depois de ter deixado de receber nutrição e hidratação artificiais, por decisão do Tribunal, que também determinou o fim da sua “sedação profunda”.“Chegou a hora do recolhimento”, disse o advogado dos pais, Jean Paillot, citado pelo Le Parisien.

Na última segunda-feira, os pais do enfermeiro Vincent Lambert resignaram em desligar as máquinas que o mantinham vivo e anunciaram que não iam apresentar mais recursos na Justiça. “A morte de Vincent é agora inevitável”, escreveram os pais em comunicado. “Se não aceitarmos isso, só nos podemos resignar.”

O caso deste enfermeiro dividiu a sociedade francesa num debate em torno da morte digna e da eutanásia, e a sua própria família: a sua mulher e irmã defendiam que se desligassem as máquinas; os pais, católicos convictos, preferiam que a alimentação e hidratação artificiais continuassem, apesar de as hipóteses de recuperação serem diminutas. E defenderam a sua posição numa batalha legal que durou mais de uma década.

O argumento da mulher, Rachel Lambert, era o de que Vincent não quereria viver nas condições em que se encontrava. O dos pais era o de que desligar as máquinas era “uma eutanásia encoberta”, lembra o El País. E o maior problema: Vincent não deixou um testamento vital, o que fez prolongar todo o processo.

Em 2011 e depois de uma fase de coma profundo, os médicos que seguiam Vincent descartaram qualquer possibilidade de melhoria, classificando o seu estado de consciência como “mínimo” (neste estado, o paciente pode dar sinais de estar alerta, mas há um profundo défice de consciência). Em 2014, o seu estado foi classificado como vegetativo: Lambert podia reagir – como abrir as pálpebras, mover os olhos, bocejar, gemer, ou recuperar algumas funções do ciclo de sono e vigília –, mas é incapaz de despertar.

C/Público.pt

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