Morreu Gal Costa, ícone da música popular brasileira, aos 77 anos

A cantora Gal Costa, um dos maiores nomes da música popular brasileira, morreu esta quarta-feira, 9 de novembro, aos 77 anos. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da artista, sem no entanto avançar a causa da morte.

Gal Costa faria uma apresentação no festival Primavera Sound, em São Paulo, no último fim de semana. Mas a sua participação foi cancelada às vésperas do evento. Sua última participação em festivais foi no Coalla Festival, em setembro em São Paulo.

De acordo com a assessoria, a cantora se recuperava nas últimas três semanas de um procedimento cirúrgico nasal. Gilberto Gil, um de seus companheiros de os “Doces Bárbaros” e outros artistas já reagiram a morte da cantora. 

Gal Costa é uma das principais referências vocais femininas de sua geração e influência para muitas cantoras. Com postura irreverente e desafiadora, sua trajetória é marcada por reinvenções, rupturas e a junção do grito do rock ao canto popular.

Curriculum

Gal Costa nasceu Maria da Graça Costa Penna Burgos, em Salvador da Bahia. Começou a cantar na adolescência em festas escolas. Também trabalhava em uma loja de discos, onde conheceu a Bossa Nossa. Em 1964 juntou à Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Maria Bethânia em “Nós, Por Exemplo”, show de inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador. No mesmo ano, ainda como Maria da Graça, gravou um disco com as faixas “Eu Vim da Bahia” e “Sim, Foi Você”.

Depois de 1967 gravou duas músicas do álbum “Tropicália” ou “Panis et Circencis”, de Caetano. Mas a sua capacidade de se reinventar foi uma característica marcante. A primeira aconteceu em 1968 com colar de espelhos, penteado black power e o canto agudo e provocador, Gal defende a canção “Divino Maravilhoso” no 4º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record e fica em terceiro lugar.

Em 1969, lançou dois álbuns, “Gal Costa” e “Gal”, com canções de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, ícones da jovem guarda. Na voz da cantora, as composições de apelo pop ganham interpretação enérgica. Ao longo do exílio de Caetano e Gil, Gal torna-se representante do tropicalismo. Em 1970, a cantora vai para Londres para visitar os dois músicos e, de volta ao Brasil, lança “LeGal”.

O disco ao vivo “Fa-tal – Gal a Todo Vapor”, de 1971, traz músicas de Luiz Melodia (1951-2017), Roberto e Erasmo Carlos. Tocando na questão política, a capa do álbum “Índia” traz um close da virilha da cantora, vestida com um biquíni. O LP foi vendido dentro de um plástico escuro por causa da censura.

Com o disco “Cantar”, Gal se reaproxima da MPB e muda a postura vocal, amenizando a agressividade e priorizando a voz límpida. Em 1975, Gal, Gil, Caetano e Bethânia se reúnem para o espetáculo “Os Doces Bárbaros”. No mesmo ano, interpreta “Modinha para Gabriela”, do compositor Dorival Caymmi (1914-2008) e tema de abertura da adaptação do romance Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado (1912-2001). Menos experimentais, Gal Canta Caymmi (1975) e os dois álbuns seguintes, Caras e Bocas (1977) e Água Viva (1978), são sucessos de público.

Em 1980, a cantora revisita a obra do compositor Ary Barroso (1903-1964) com o álbum “Aquarela do Brasil”. Com “Fantasia” (1981), alcança sucesso nas rádios com a faixa “Festa no Interior”, de Moraes Moreira (1947- 2020) e Abel Silva. Em 1988, recebeu o Prêmio Sharp de melhor cantora. Na década de 1990, retoma a parceria com Salomão no disco “Plural”,  e em 1993, lança “O Sorriso do Gato de Alice”.

No álbum “Recanto”, de 2011, Gal se reinventou novamente. O trabalho, composto e produzido por Caetano, traz um repertório com música eletrônica e o funk carioca.

C/CNN Brasil

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