O México elegeu no domingo, 02 de junho, Cláudia Sheinbaum, do partido Morena, presidente, sendo a primeira mulher e a primeira judia a ocupar o mais alto cargo daquela nação. Este feito histórico em um país tradicionalmente machista ocorre seis anos após mudança constitucional que exigiu paridade a mulheres nos cargos eleitorais daquele país latino.
Sheinbaum obteve cerca de 60% dos votos na maior eleição da história do México, marcando um feito histórico num país maioritariamente católico, conhecido pela sua cultura patriarcal. “Nosso dever é e sempre será cuidar de cada um dos mexicanos sem distinção”, disse Sheinbaum no seu discurso esta segunda-feira. “Mesmo que muitos mexicanos não concordem totalmente com o nosso projeto, teremos de caminhar em paz e harmonia para continuar a construir um México justo e mais próspero.”
Cläudia Sheinbaum substitui o presidente cessante Andrés Manuel López Obrador, seu aliado de longa data, cujos programas de assistência social tiraram muitos mexicanos da pobreza. Nascida na cidade do México, em 1962, a agora presidente é neta materna de emigrantes judeus da Europa. No México, é conhecida como “La Doctora” pelas suas brilhantes credenciais académicas.
É uma física com um doutoramento em engenharia da energia, antiga presidente da câmara de uma das cidades mais populosas do mundo e fez parte do painel de cientistas climáticos das Nações Unidas que recebeu o Prémio Nobel da Paz. Enquanto estudava na Universidade Nacional Autónoma do México, envolveu-se na política, protestando contra a privatização do ensino público.
Depois de se formar, estudou engenharia da energia na Universidade da Califórnia, em Berkeley, onde se tornou fluente em inglês e obteve um mestrado, antes de regressar à UNAM para estudos de doutoramento. Entrou para a política em 2000, quando foi nomeada secretária do ambiente da Cidade do México por Obrador, então chefe do governo da cidade.
Depois de deixar o cargo em 2006, dedicou-se ao estudo da energia, integrando o Painel Internacional sobre Alterações Climáticas e fazendo parte da equipa que recebeu o Prémio Nobel da Paz em 2007. Em 2015, tornou-se a primeira mulher eleita diretora do distrito de Tlalpan, na Cidade do México, onde permaneceu até 2017. No ano seguinte, foi eleita chefe do governo de toda a cidade – mais uma vez, a primeira mulher a fazê-lo. Abandonou o cargo em junho de 2023 para se candidatar à presidência.