O mercado de droga na União Europeia (UE) vale 30 mil milhões de euros, a maioria relativos à canábis (39%) e à cocaína (31%), revela um relatório de 2019 apresentado hoje em Bruxelas, que alerta para o aumento do crime organizado e do terrorismo. O documento foi publicado pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA, sigla em inglês) e pelo Europol, indica que “os europeus gastam anualmente, pelo menos, 30 mil milhões de euros em droga, a nível retalhista, o que faz do mercado de droga uma importante fonte de rendimento para os grupos de criminalidade organizada” na União.
Deste montante, 11,6 mil milhões de euros por ano são gastos com canábis, seguindo-se a cocaína (9,1 mil milhões de euros), a heroína (7,4 mil milhões de euros) e anfetaminas e ecstasy (500 milhões de euros). Além destas, o relatório destaca a existência de 55 novas substâncias psicoativas, num total de 731 já monitorizadas na UE, mas cujo impacto económico é desconhecido.
Segundo o documento, os países que, entre 2017 e 2018, tinham maior dimensão no mercado da droga europeu eram o Reino Unido (mais de 25 milhões de euros), Alemanha (20 milhões de euros) e Holanda (10 milhões de euros). Estes países estão “noutra escala” quando comparados com os restantes Estados-membros, com receitas muito mais baixas. Portugal está a meio da tabela, ocupando o 15.º lugar.
O relatório assinala que, “além do impacto económico, das mortes relacionadas com drogas e de outros danos à saúde pública, existem outras consequências dos mercados de droga, tais como ligações com atividades criminosas e terrorismo, impacto negativo na economia legal, violência nas comunidades, danos no meio ambiente e ainda a questão cada vez mais importante de como o mercado de drogas pode alimentar a corrupção e prejudicar a governança” na UE.
A título de exemplo, o documento refere que, em 2017, mais de um terço dos 5 mil grupos de crime organizado identificados na UE estavam envolvidos no mercado da droga. Quanto ao número de utilizadores, o documento precisa que 25 milhões de europeus entre 15 os 64 anos consumiram canábis em 2018, enquanto cerca de 4 milhões utilizaram cocaína. A estes somam-se 1,3 milhões de “consumidores problemáticos” de heroína,1,7 milhões de consumidores que experimentaram anfetaminas ou metanfetaminas e outros 2,6 milhões que experimentaram ecstasy.
De acordo com o documento, esta situação reflete “os altos níveis de produção [destas substâncias] em todo o mundo e na UE”, que estão “em níveis historicamente altos”.
C/CM