O presidente norte-americano “colocou” a cabeça na mira dos afegãos após decidir utilizar 3,5 mil milhões de dólares de fundos do Afeganistão depositados nos Estados Unidos para indemnizar as vítimas dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, perpetrados pela organização islâmica al-Qaeda. Milhares de pessoas marcharam ontem em várias cidades do Afeganistão para protestar contra essa medida de Joe Biden de apreender reservas do banco central afegão e doar metade às vítimas dos atentados de 11 de setembro. De acordo com o anúncio de Biden, a outra metade dos fundos afegãos deverá ser dedicada à ajuda humanitária ao país, evitando que o dinheiro chegue às mãos dos talibãs.
As manifestações tiveram como palavras de ordem “Morte a Joe Biden” e “Morte à América” e seguem-se a outros protestos realizados no sábado contra a ordem de Biden. Os talibãs, que reconquistaram o poder no país há cerca de seis meses, ameaçaram na segunda-feira “reconsiderar a sua política” relativamente aos Estados Unidos, se Washington mantiver o objetivo anunciado. “Os ataques de 11 de setembro não têm nada a ver com o Afeganistão”, disse o vice-porta-voz do Governo talibã, Inamullah Samangani, em comunicado, qualificando a apreensão dos activos como “um roubo”.
“Se alguém merece compensação, deve ser os afegãos”, defendeu hoje o presidente da Associação de Corretores da Bolsa do Afeganistão, Mir Afghan Safi, que participou do protesto desta manhã em Cabul. “As duas torres [do World Trade Centre, em Nova Iorque] foram destruídas [a 11 de setembro de 2001], mas, no nosso caso, foram todos os distritos e todo o país que foram destruídos”, acrescentou.
A resposta dos islamitas à decisão do Presidente dos EUA contou inclusive com o apoio de afegãos contrários ao regresso dos talibãs no poder, nomeadamente de dezenas de milhares de pessoas que fugiram do país para escapar ao novo regime.
C/Dn.pt