Após uma série de impasses e cerca de sete horas de atraso, o segundo dia do acordo entre Israel e Hamas libertou 17 reféns no sábado, 25. Foram 13 israelenses, incluindo seis mulheres e sete crianças e adolescentes, e quatro estrangeiros, todos da Tailândia. Em troca, 39 palestinos foram soltos por Israel. O acordo de quatro dias prevê a libertação de um total de 50 reféns israelenses e 150 palestinos detidos em Israel.
O grupo dos 17 reféns liberados pela Hamas foi enviado a representantes da Cruz Vermelha, saiu de Gaza pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, e do território egípcio foi para o Israel. A mediação foi ainda mais importante para a manutenção do cessar-fogo temporário, uma vez que o Hamas já tinha decidido adiar a libertação dos reféns após acusar Israel de não cumprir o acordo.
O plano anunciado pelo Hamas era barrar a libertação dos reféns até que Tel Aviv autorizasse a entrega de ajuda humanitária na região norte do território palestino. Segundo o porta-voz do Hamas, Osama Hamdan, apenas 65 dos 340 caminhões de ajuda que entraram em Gaza desde sexta-feira chegaram ao norte, o que foi “menos da metade do que Israel concordou”.
As Brigadas Al-Qassam, braço armado do Hamas, também disseram que Israel não respeitou os termos da libertação dos prisioneiros palestinos ao autorizar a libertação baseado em critérios que não a antiguidade das detenções. No sábado, à semelhança do ocorrido no primeiro dia de trégua, Israel anunciou a libertação de 39 pessoas, todos mulheres ou menores de 19 anos.
Em Israel, ministros e porta-vozes do governo negaram as acusações e reiteraram que estavam a respeitar o acordo. Qatar e Egito, então, intensificaram os esforços para viabilizar a libertação dos reféns. O Presidente dos Estados Unidos também falou por telefone com representantes do Qatar pouco depois de saber do adiamento. E onseguiram evitar a frustração de um acordo tão esperado no conflito que já matou mais de 15 mil pessoas, sendo a imensa maioria delas civis palestinos.
O Hamas emitiu um comunicado em que reitera seu apreço pelas ações de Qatar e Egito para garantir a manutenção da trégua. Segundo o texto, os mediadores confirmaram o compromisso de Israel com todos os termos e condições do acordo. Mais cedo, segundo a imprensa local, Israel anunciou a retoma das ofensivas militares caso nenhum refém fosse libertado durante o cessar-fogo.
A pressão também era veio das ruas. Em Tel Aviv, cerca de 50 mil israelenses se reuniram próximo ao Museu de Arte da cidade para marcar os “50 dias de inferno”, em referência à duração da guerra iniciada em 7 de outubro, e fazer apelos para a libertação dos reféns. Entretanto, embora a libertação de parte dos sequestrados alivie a tensão no Oriente Médio, o fim da guerra parece distante.
Em uma visita a Gaza, no sábado, a primeira desde o início do conflito, o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, disse que as forças de Tel Aviv não deixarão o território palestino até que todos os reféns sejam libertos – o acordo previa a soltura de ao menos 50, mas há cerca de 240 capturados em poder do Hamas e de outros grupos extremistas, como o Jihad Islâmico.
Gallant também reiterou que o cessar-fogo será de curta duração. “Quaisquer novas negociações se darão sob ataque. Ou seja, se quiserem continuar a discutir o próximo acordo, será enquanto as bombas caem e as forças estão lutando.”
C/Imprensa Internacional