Greve dos enfermeiros em Portugal: Adiadas 1500 cirurgias desde janeiro

Desde o dia 31 de janeiro foram adiadas 1500 cirurgias devido à greve decretada por alguns sindicatos de enfermeiros em Portugal nomeadamente pela ASPE e Sindepo. Este número foi divulgado pela ministra da Saúde, depois de o governo ter decretado requisição civil para quatro centros hospitalares do país, onde foi detetado que não estariam a cumprir os serviços mínimos definidos pelo Tribunal Arbitral – Centro Hospitalar e Universitário de São João, Centro Hospitalar do Porto, que integra o Hospital Santo António, Centro Hospitalar de Entre-o-Douro e Vouga e no Centro Hospitalar de Tondela-Viseu.

A decisão do governo foi anunciada na quinta-feira. Os sindicatos reagiram começando por anunciar uma providência cautelar, mas já informaram que, afinal, a figura jurídica a utilizada será a de “uma intimação para proteção dos direitos, liberdades e garantias”.O anúncio de que uma ação judicial iria avançar foi feito durante a manhã de sexta-feira na sequência de um protesto de enfermeiros à porta do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, no qual esteve presente também a bastonária da classe, Ana Rita Cavaco.

Carlos Ramalho, do Sindicato Democrático dos Enfermeiros portugueses (Sindepor), garantiu que, ao contrário do que alguns hospitais alegaram, os serviços mínimos foram sempre cumpridos. O que aconteceu foi que tinham sido agendadas cirurgias programadas que mesmo que os enfermeiros não estivessem em greve seriam adiadas.

Em Coimbra, pelo menos 430 das cirurgias adiadas eram prioritárias ou muito prioritárias. Em relação ao total, 22% das operações adiadas eram prioritárias e 2% muito prioritárias.

Contudo, do total de cirurgias canceladas, o CHUC identificou que 394 cancelamentos foram “resolvidos no período da greve”. Das 1890 cirurgias adiadas, 8% eram em crianças.

Na resposta à OM, o CHUC acrescenta que muitos doentes não chegam a estar refletidos nestes dados, porque a respetiva cirurgia não chegou a ser agendada devido às perspetivas da própria greve. “Só virão a ser visíveis no aumento da lista de espera e no aumento de posteriores transferências para o setor privado“, refere o centro hospitalar.

No Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte, ao qual pertencem os hospitais de Santa Maria e Pulido Valente, mais de 120 cirurgias prioritárias ou muito prioritárias foram adiadas no decurso da primeira greve cirúrgica dos enfermeiros. Segundo a administração do Santa Maria, quase 15% das cirurgias adiadas eram prioritárias e 3,5% muito prioritárias. No momento em que enviou a informação à OM, o Centro Hospitalar Lisboa Norte apontava para 676 operações adiadas, mas entretanto, no parlamento, o presidente da administração indicou que mais de 800 tinham sido afetadas pela greve dos enfermeiros.

C/Dn.pt

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