A Boeing entregou ao Congresso e à Federal Aviation Administration (FAA) , órgão regulador da aviação civil nos Estados Unidos, uma série de documentos internos que revelam conversas suspeitas de funcionários da empresa quanto aos padrões de segurança usados na construção e na supervisão de seu modelo Boeing 737 Max. Entre as muitas mensagens, um dos funcionários pergunta a um colega se este colocava sua família em um desses aparelhos e a resposta foi taxativa: “Não”.
Esta notícia faz manchete hoje em vários jornais e site de noticias internacionais. Estes lembra que o 737 Max foi proibido de voar em todo o mundo depois de dois acidentes fatais, que vitimaram 346 pessoas na Etiópia e na Indonésia. O modelo, o mais vendido da Boeing, teve sua fabricação interrompida. Os documentos revelam diálogos que revelam que etapas de treinamento e simulação de voo foram puladas pelos pilotos e “padrões negligentes” de segurança foram utilizados na fabricação das aeronaves.
Numa troca de mensagens de 2015, um funcionário disse que uma apresentação que a empresa fez à Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla inglesa), a agência norte-americana responsável pelo setor era tão complicado que, para os funcionários da agência e até para ele mesmo. “Era como ver cães a ver TV”, brincou.
Em outro trecho, um funcionário brinca dizendo que “o modelo foi projetado por palhaços e supervisionado por macacos”, de acordo com a Reuters. Enquanto que em outro, um funcionário não identificado pergunta: “você colocaria sua família em um 737 Max?”, ao que o outro responde “não”.
“Ainda não fui perdoado por Deus pelo que escondi no ano passado”, escreveu ainda outro funcionário, numa mensagem datada de 2018. Este funcionário teve conhecimento dos problemas com o simulador da Boeing para este modelo de avião.
Estas mensagens, consultadas também pela AFP, foram disponibilizadas por congressistas norte-americanos que estão a investigar o processo de certificação do 737 MAX, na origem de dois trágicos acidentes, na Indonésia (2018) e na Etiópia (2019), em menos de cinco meses, que provocaram 346 mortos e mergulharam a Boeing na mais grave crise da sua história.
Em comunicado divulgado pela CNBC, a Boeing afirmou: “as mensagens não refletem a empresa que somos e precisamos ser, e são completamente inaceitáveis”. A fabricante de aviões justificou que a entrega dos documentos é demonstração de seu “compromisso com a transparência”.
A FAA explicou, por seu turno, que confirma a segurança atestada das aeronaves e dos simuladores utilizados, e que as mensagens não comprovam riscos.
Fonte: Globo.com e bbc.com