A imagem foi publicada por um jornal mexicano na segunda-feira, 24, e ganhou o mundo. Mostra os corpos de um migrante de El Salvador e da sua filha de dois anos mortos enquanto atravessavam o Rio Bravo na cidade de Matamoros, no estado de Tamaulipas. A menina está debaixo da camisa do pai, e o braço envolve o seu pescoço. Os dois tentavam chegar aos EUA.
A fotografia foi publicada na primeira página do jornal La Jornada. Chama atenção como a imagem de mais uma morte ao longo da fronteira, num período em que migrantes da América Latina, chegam em número crescente aos EUA. A família, de acordo com o jornal, estava em Tapachula, no Estado de Chiapas, desde a semana passada. No domingo, decidiu seguir viagem. Óscar Martinez, 25 anos, que trabalhava como cozinheiro em El Salvador, colocou a filha dentro da sua camisa para tentar atravessar o rio.
A mãe da criança, de 21 anos, também tentou fazer a travessia, mas desistiu e retornou ao lado mexicano. Esta terá visto o momento em que pai e filha se afogaram antes de chegar ao lado americano. “Sei que nossos corações não aguentam mais”, disse a congressista Verónica Escobar, do Texas. “Devemos continuar lutando pela dignidade e humanidade dessas almas vulneráveis. Mantenha sua humanidade diante do horror”, acrescentou.
O presidente do México, Andrés Manuel Obrador, reagiu dizendo que era “muito lamentável que isso acontecesse”, revela a agência Associated Press. “Sempre denunciamos que, como há mais rejeição nos EUA, há pessoas que perdem suas vidas no deserto ou na travesseia do rio”, realçou.
Muitas pessoas estão a usar a imagem como um “grito de guerra” para a reforma da imigração. O senador Cory Booker, da Nova Jersey, que tenta uma indicação para ser candidato democrata nas eleições presidenciais, disse que as pessoas não devem desviar o olhar da fotografia. “Estas são consequências da política desumana e imoral de emigração de Donald Trump”, escreveu no Twitter. “Isto está sendo feito em nosso nome.”
Milhares de migrantes da América Central cruzam a fronteira aos milhares nos últimos meses, sobrecarregando os agentes da Patrulha da Fronteira, os grupos sem fins lucrativos e as autoridades locais.
C/Folha de São Paulo