A energia elétrica é restabelecida em quase a totalidade na Espanha e em Portugal, após apagão massivo. Em declaração à imprensa na noite de ontem, o Primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, explicou que o apagão generalizado verificado na rede elétrica teve origem fora do território, provavelmente a Espanha, que já restabeleceu pelo menos mais de 87% da electricidade.
O chefe do Governo português, que falava à imprensa no final do Conselho de Ministros, alegou que a prioridade foi “responder às situações mais críticas”, a começar pelos hospitais. “Isolámos toda a rede elétrica das interligações internacionais, que no caso são exclusivamente com Espanha. Accionámos todos os procedimentos para reativar os geradores, para restabelecer o fornecimento da eletricidade. No plano operacional concentrámos a operação de crise do Sistema de Segurança Interna”, explicou.
O gabinete de crise é constituída por representantes das Forças Armadas, direcção executiva do Serviço Nacional de Saúde e o INEM que, junto, vão acompanhar a situação em permanência e em articulação com o Governo. O Conselho de Ministro, que esteve reunido durante várias horas, segundo Montenegro, vai continuar em “modo de gestão da crise”.
“Estive em contacto permanente com o Presidente da República e tive ocasião de falar com o maior partido da oposição, a presidente da Comissão Europeia, o presidente do Conselho Europeu e o Governo espanhol. Também mantivemos contato permanente com a REN – Rede Eléctrica Nacional, que é responsável por garantir o transporte de electricidade nacional”, revelou.
Serviços essenciais
Montenegro garantiu que o facto de o CM ter decretado “situação de crise energética” possibilitou que, “durante todo o dia de ontem” fosse fornecida energia em “serviços essenciais e entidades críticas e prioritárias na área da saúde, órgãos de soberania, órgãos de comunicação social, grande distribuição alimentar e o sistema de pagamentos eletrónicos”.
“Indicámos à REN os serviços prioritários, designadamente os hospitais. Procedemos à evacuação dos passageiros retidos nos metros de Lisboa e Porto. Nas travessias do Tejo foram dadas instruções para o transporte ser gratuito enquanto houver passageiros para transportar”, detalhou Montenegro.
Paralelamente, a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) autorizou, a pedido do Governo, todos os voos noturnos com o objetivo de “assegurar uma rápida recuperação dos atrasos”. Foram dadas indicações as escolas para reabrirem esta terça-feira, se não houver mais perturbações.
Outros países também já sofreram apagões massivos sem causa diretamente ligada a fenómenos meteorológicos, como Tunísia em setembro de 2023; Sri Lanka em agosto de 2020; Argentina e Uruguai em junho de 2019; ou a Índia, onde metade do país ficou sem energia em julho de 2012.