O presidente dos Estados Unidos tentou esconder detalhes das suas conversas com o presidente russo Vladmir Putin, noticia o Washington Post. Este jornal garante que Donald Trump ficou com os apontamentos do intérprete e proibiu aos seus assessores de comentarem o que tinha acontecido com os outros funcionários da administração.
Segundo a reportagem, isto aconteceu, por exemplo, numa reunião com Putin em 2017, em Hamburgo, em que também participou o secretário de Estado Rex Tillerson. Ao que tudo indica, as autoridades americanas tomaram conhecimento das acções de Trump quando um consultor da Casa Branca e um alto funcionário do Departamento de Estado quiseram ter mais informações através do intérprete, para além de um resumo partilhado por Tillerson.
Concluiu-se que não havia qualquer registo pormenorizado, nem mesmo em arquivos classificados, de pelo menos cinco encontros nos últimos dois anos. A fonte do Post afirma que Trump tem tentado esconder as suas conversas com Putin do escrutínio público e impedir que até funcionários de topo da sua Administração saibam o que ele disse a um dos principais adversários dos EUA.
Este segredo em torno desses encontros contraria aquilo que tem sido o comportamento habitual dos presidentes norte-americanos, que geralmente confiavam em seus assessores seniores que os testemunhavam, registando tudo o que era dito para depois reportagem aos vários departamentos.
Em declarações à Fox News, Trump negou todas as acusações. “Tive uma conversa, como todos os presidentes têm. Sentamo-nos com os presidentes de vários países. Tivemos uma óptima conversa, conversamos sobre Israel e a sua segurança, e uma série de outras coisas. Foi uma conversa óptima. Não estou a tentar esconder nada. Não me importo com isso”, declarou.
Furioso com investigação do FBI
Entretanto este Domingo, e como já é habitual, o presidente dos EUA utilizou a rede social twitter para atacar tudo em todos devido às suspeitas de que teria – de forna inadvertida ou voluntária – trabalhado para servir os interesses da Rússia antes e depois das eleições. Trump acusou o jornal e os jornalistas mas também o próprio FBI e o antigo líder dos serviços secretos, James Comey, que despediu depois de ter entrado em choque com ele.
O jornal New Iorque Times garante que as investigações do FBI às relações de Trump com a Rússia começaram após o despedimento de Comey, em Maio de 2017. “Na sequência do despedimento do director do FBI James Comey, os serviços secretos foram ficando cada vez mais receosos de que as acções do presidente pudessem constituir actividades anti-americanas”, noticia o jornal.
Nessa lógica, acrescentou aquele jornal, o despedimento de Comey poderia ser encarado como uma forma de “obstrução à justiça”. A investigação terá sido absorvida pelas diligências, ainda em curso, relativas à alegada ingerência da Rússia nas últimas eleições presidenciais. No entanto, o NYT diz que ainda “não foram apresentadas quaisquer evidências de que Trump estivesse secretamente em contacto ou tivesse recebido instruções de responsáveis russos”.
Esta ressalva não impediu o presidente de distribuir insultos, em particular em relação a James Comey, assumindo a felicidade de tê-lo despedido.
C/DN