Consumo e tráfico de drogas cresce em África

África continua a ser uma das principais regiões de trânsito de cocaína e está a crescer como mercado de estupefacientes, revela um relatório das Nações Unidas, que alerta para o aumento do tráfico de opioides sintéticos na região. Entre os países lusófonos, Moçambique é citado como um dos países de trânsito ou destino de droga, enquanto Cabo Verde é destacado pelo trabalha na identificação do uso de estupefacientes nas escolas.

Segundo o relatório anual do Conselho Internacional de Controlo de Estupefacientes (ICNB, sigla em inglês) das Nações Unidas apresentado em Viena, na Áustria, a África está a ser cada vez mais usado como região de trânsito para o tráfico de cocaína. “Enquanto a África central e ocidental eram anteriormente as principais áreas para o tráfico de cocaína, em 2016, a sub-região do Norte concentrou 69% de todas as apreensões de cocaína, com as quantidades apreendidas a duplicarem em relação ao ano anterior”, lê-se.

O documento indica ainda que o continente está também a crescer como mercado para drogas, sobretudo cocaína, heroína e cannábis. Diz também que a cannábis mantém-se a droga mais consumida, mas estudos de alguns países revelam um aumento no consumo de outros estupefacientes. O ICNB alerta ainda para o “crescente” e “preocupante” aumento do consumo e tráfico de opioides sintéticos, sobretudo o tramadol, em algumas regiões.

A África central, ocidental e do norte representaram 87% dos opioides farmacêuticos apreendidos em todo o mundo, na sua quase totalidade tramadol, adianta o estudo, citando dados de 2018 do Escritório das Nações Unidas para as Drogas e o Crime (UNODC, na sigla em inglês).

Entre os países lusófonos, Moçambique é citado, no documento, como um dos países de trânsito ou destino de precursores de droga, produtos químicos utilizados na produção de estupefacientes e substâncias psicotrópicas. O relatório cita as autoridades portuguesas, que consideram que Moçambique pode ter-se tornado num novo ponto de trânsito para a entrada de heroína em Portugal.

Já Cabo Verde é destacado pelo trabalho realizado na identificação do uso de drogas entre a população escolar e pelo reforço da capacidade de combate ao tráfico de droga com a entrega ao país pelo comando militar norte-americano para África (AFRICOM) de 12 barcos patrulha.

A nível mundial, o relatório alerta para a insuficiente regulação dos programas de canábis para uso medicinal, considerando que podem levar ao aumento do uso desta droga para fins recreativos, e pede mais apoio para o Afeganistão, onde em 2017 se registaram aumentos significativos na produção de ópio.

O INCB (International Narcotics Control Board) é um órgão independente composto por 13 membros, eleitos pelo Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC). Três dos elementos deste conselho são propostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e os restantes 10 são selecionados a partir de uma lista de técnicos apresentada pelos Estados-membros.

C/Observador.pt

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