Cientistas precisam de voluntários para desenvolverem vacina contra a Covid-19 o mais rápido possível

Numa altura em que o mundo clama por uma vacina contra o novo coronavírus, a comunidade científica precisa de voluntários para os necessários testes. A questão é saber quem aceitaria colocar a “cabeça na guilhotina” dada a forte letalidade do vírus.

Um estudo científico publicado no “Journal of Infectious Diseases” no dia 31 de março afirma que o processo de testes para encontrar uma vacina para a Covid-19 precisa ser acelerado. Para isso, os autores sugerem expor, propositalmente, os voluntários que aceitem ser inoculados com vacinas em teste ao Sars-Cov-2.

Muitas vacinas candidatas a combater o coronavírus estão em desenvolvimento, mas as estimativas para que elas estejam disponíveis são de um 1 a um 1,5 ano, ou mais, segundo Nir Eyal, diretor do Centro para Bioética Populacional da Universidade Rutgers, nos EUA, um dos autores do estudo. Segundo este cientista, dadas as circunstâncias da pandemia, a forma aceitável para se parar a propagação devastadora da doença é acelerar os testes e licenciamento de vacinas eficazes.

Uma das fases desse processo, geralmente a mais demorada, é testar em pessoas – uma parte recebe o medicamento, a outra, um placebo (uma substância inócua, que serve para que os pacientes sirvam de base de comparação). Os autores do estudo sugerem fazer essa parte do ensaio de uma maneira diferente.

Primeiro, seriam comparadas diferentes vacinas de uma só vez, o que não é tradicional. Haveria diferentes grupos recebendo cada possível vacina e um único que receberia placebo – assim, um único conjunto de pessoas que servem como controle estarão expostas. Logo após inocular a vacina em voluntários, eles seriam expostos ao Sars-Cov-2.

“Há uma sugestão que uma porcentagem de nós ficarão infectados em algum momento. Não significa que a doença vai se desenvolver, ou que iremos morrer, mas que teremos o vírus”, afirmou Eyal em conversa com o G1. Este adianta que, nesse tipo de ensaio, será garantida a monitorização dos voluntários e que, ao primeiro sinal de doença, receberão terapias e apoio médico.

Expor voluntários em ensaios clínicos já aconteceu antes, mas com doenças como malária e gripe, que não têm o potencial de letalidade da Covid-19.

C/ Globo.com

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