Três dias depois do encalhe de um dos maiores navios cargueiros do mundo, o Ever Given, no canal de Suez, analistas temem uma escalada de preços. É que, por este canal estratégico que liga o mar Vermelho ao Mediterrâneo, passa cerca de 12% de todo o comércio mundial e os receios é de que o bloqueio possa causar um aumento superior a 6% nos preços do petróleo.
Equipas de resgate holandesas e japonesas juntaram-se aos esforços para desencalhar o navio. Durante dois dias, uma flotilha de oito rebocadores foi incapaz de movimentar o cargueiro, sendo que, por causa deste bloqueio, já há longas filas de mais de 150 navios, tanto no Mediterrâneo como no mar Vermelho. E a situação agrava-se a cada hora que passa.
“Não podemos excluir a hipótese de levar semanas”, afirmou Peter Berdowski, diretor-executivo da Boskalis, empresa holandesa de serviços de construção, manutenção e resgate marítimos. Possibilidade que é quase certa caso o navio tenha de ser descarregado para permitir a flutuação.
Pelo facto de as extremidades do cargueiro estarem presas na areia das margens, os esforços dos rebocadores estão a ser complementados por duas escavadoras para remover areia. Mas, para já, com resultados praticamente nulos. “É como uma imensa baleia que deu à costa”, afirmou Berdowski.
Empresas começam a desviar navios para a rota que contorna África, o que implica 10 a 15 dias adicionais de viagem e um atraso de consequências imprevisíveis na entrega de bens essenciais na Europa e outras partes do Mundo. Para além das implicações económicas do bloqueio, já visíveis na escalada do preço do petróleo, existem receios de que as dezenas de navios fundeados no mar Vermelho se tornem alvos de ataques, numa altura de grande tensão entre o Irão, a Arábia Saudita e os EUA.
Fonte: El País