Pelo menos 187 pessoas, entre as quais 35 estrangeiros, morreram este domingo e mais de 450 ficaram feridas após uma série de explosões que ocorreram em três igrejas e quatro hotéis no Sri Lanka, de acordo com novo balanço avançado por fonte policial. A cônsul honorária de Portugal em Colombo confirmou à Lusa que há um português entre as vítimas mortais. Em declarações via telefone, a cônsul avançou que entre as vítimas está “um jovem português, com idade que ronda os 30 anos”, que se encontrava num dos hotéis atingidos por uma das seis explosões que ocorreram esta manhã no Sri Lanka.
De acordo com a consul, há mais portugueses no país, mas “estão todos bem”, acrescentando que está a dar apoio à mulher da vítima. “É um dia muito triste, estamos chocados”, adiantou. À TSF, a mesma fonte referiu que “há um senhor português que perdeu a vida num dos hotéis, o hotel Kingsbury”, disse Preenie Sharma Pinto, que confirmou ainda que se tratava de um turista. A representante de Portugal no Sri Lanka não adiantou mais pormenores.
O ministro da Defesa, Ruwan Wijewardene, descreveu o ataque como um acto “terrorista”, que terá sido perpetrado por “extremistas religiosos”. Os atentados ainda não foram reivindicados, mas os autores já foram identificados e sete suspeitos estão detidos, segundo o mesmo ministro. A capital, Colombo, foi alvo de pelo menos quatro explosões em três hotéis de luxo e uma igreja. Duas outras igrejas foram também alvo de explosões, uma em Negombo, a norte da capital e onde há uma forte presença católica, e outra ao leste do país. As explosões ocorreram “quase em simultâneo”, pelas 08h45 hora local, de acordo com fontes policiais citadas por agências internacionais.
Os hotéis de luxo onde se registaram as explosões são o Kingsbury Hotel, o Shangri-La e o Cinnamon Grand Colombo, todos na capital. “Por favor, permaneçam calmos e não sejais enganados por rumores”, pediu Sirisena numa mensagem à nação, num país onde os confrontos têm sido frequentes no passado em reação a eventos violentos. O Ministério da Educação anunciou o encerramento de todas as escolas do país na segunda e terça-feira. Também o Primeiro-ministro do país, Ranil Wickremesinghe, liderou uma reunião de emergência com altos cargos das forças de segurança e outros membros do Governo, entre eles o ministro para as Reformas Económicas e a Distribuição Pública, Harsha de Silva, que deu detalhes do encontro na rede social Twitter.
Imagens difundidas pelos meios de comunicação locais mostram a magnitude da explosão pelo menos numa das igrejas, com o tecto do templo semidestruído, escombros e corpos espalhados, enquanto muitas pessoas os tentam socorrer. Os fiéis católicos celebram este domingo o Domingo de Ressurreição, o dia mais importante entre os rituais da Semana Santa. Não houve reivindicações imediatas de responsabilidade pelos ataques no país, que esteve em guerra durante décadas. Ranil Wickremesinghe já convocou para este domingo uma reunião do Conselho de Segurança Nacional.
O Governo do Sri Lanka já decretou recolher obrigatório durante 12 horas, com efeito imediato, e proibiu o acesso às redes sociais para impedir a difusão “de informações incorretas” relacionadas com a vaga de explosões que aconteceram na ilha. “O Governo decidiu bloquear todas as plataformas de redes sociais para evitar a disseminação de informações incorretas e falsas. Essa é apenas uma medida temporária”, afirmou a presidência, em comunicado.
A polícia do Sri Lanka confirmou que houve uma sétima explosão, a quarta num hotel, após seis já registadas em hotéis e igrejas no início deste domingo. A última explosão aconteceu nas proximidades do zoológico nacional, situado numa área perto da capital Colombo. Uma testemunha relatou que viu corpos desmembrados, incluindo uma cabeça decapitada no chão, perto do hotel. Autoridades do zoológico decidiram fechar o espaço depois da explosão.
Oitava explosão atingiu zona commercial
Uma oitava explosão fez-se sentir numa zona comercial em Colombo, no Sri Lanka. No ano passado, ocorreram 86 incidentes verificados de discriminação, ameaças e violência contra cristãos, segundo a Aliança Evangélica Cristã Nacional do Sri Lanka (NCEASL), que representa mais de 200 igrejas e outras organizações cristãs. Este ano, o NCEASL registrou 26 desses incidentes, incluindo um em que monges budistas tentaram interromper um culto de domingo, com o último relatado a 25 de março.
Fora da população total do Sri Lanka, de cerca de 22 milhões, 70% são budistas, 12,6% hindus, 9,7% muçulmanos e 7,6% cristãos, de acordo com o censo de 2012 do país. Num relatório de 2018 sobre os direitos humanos do Sri Lanka, o Departamento de Estado dos EUA verificou que alguns grupos cristãos e igrejas relataram ter sido pressionados a acabar com as atividades de adoração depois que as autoridades classificaram-nas como “reuniões não autorizadas”. O relatório referiu também que os monges budistas tentam regularmente fechar os locais de culto cristão e muçulmano.
C/Cmjornal.pt