O grupo Vindos do Oriente acaba de enviar uma carta à Liga Independente dos Grupos Oficiais do Carnaval de S. Vicente informando este organismo da sua intenção de fazer um “desfile organizado” na noite de segunda-feira, 04 de Março, e não um mero assalto, tal como anunciado inicialmente. A decisão de enviar esta missiva vem na sequência da recusa da Câmara Municipal de São Vicente de autorizar esse grémio a sair num assalto na mesma data, e quase que na mesma hora do desfile do Samba Tropical. Conforme a edilidade, os grupos que compõem a Liga foram ouvidos acerca da pretensão do VO e todos foram unânimes em chumbar essa ideia.
Na missiva, a que Mindelinsite teve acesso, a direcção do VO começa por realçar que o seu objectivo é contribuir para o engrandecimento da festa do Carnaval em São Vicente, pelo que foi neste sentido que solicitou o pedido para realizar o “assalto”, sendo o conceito desta actividade mais abrangente. Entretanto, face à recusa da CMSV, e por que toda a área do desfile oficial está agora sob a responsabilidade da Ligoc, entendeu enviar um pedido de autorização à direcção da Ligoc para fazer um “desfile organizado” 30 minutos antes ou depois da passagem do Samba Tropical.
“Comprometemo-nos respeitar a organização e o desfile do Samba Tropical, desfile esse que, no nosso entender, será engrandecido com a colaboração, organização e competência demostrada pelo Vindos do Oriente”, lê-se na carta, que reforça ainda que é propósito do grupo apenas engrandecer o Carnaval de S. Vicente, proporcionando aos seus foliões uma oportunidade para participar nesta festa.
O Vindos do Oriente chama ainda a atenção da Ligoc ao realçar que, por ser membro-fundador da Liga e também de pleno direito do Conselho Deliberativo, deve ser informado de todas as suas actividades. Mais: defende a direcção do VO que qualquer reunião realizada sem a presença e convocatória do grupo é um atropelo aos próprios Estatutos da Ligoc.
A missiva termina augurando um parecer favorável da Ligoc à participação do VO no Carnaval. O grupo, por último, uma resposta no prazo de 48 horas, dada a proximidade da data e tendo em conta que já tem o desfile montado. O VO garante que já adquiriu materiais, encomendou roupas e carro de som e fez avultados investimentos.
Crivo da Ligoc-SV
No despacho emitido pela CMSV no dia 12 de Fevereiro, no qual recusa autorizar o assalto, a autarquia frisa que qualquer actividade do Carnaval que implique a utilização do espaço por onde passa o desfile oficial terá de passar pelo crivo da Ligoc. Neste sentido, prossegue a nota assinada pelo presidente Augusto Neves, houve uma consulta aos grupos e à própria Liga e todos foram unânimes em se negar o pedido do Vindos do Oriente. A Câmara de S. Vicente alega que essa decisão é justificada pelo facto de o Vindos do Oriente ter tido, a exemplo dos demais grupos oficiais, a oportunidade de participar no desfile de terça-feira, mas recusou, sem uma justificação. Além disso, o parecer apoia-se no facto existir uma programação para a noite do dia 4 de Março, “que não deixa espaço para assaltos”, bem assim no facto de já haver uma decisão no sentido de os assaltos e trios-eléctricos acontecerem em dias que não coincidam com os do desfile oficial.
A carta termina com a CMSV a lamentar informar o VO que, pelas razões expostas, ser-lhe impossível conceder a autorização nos termos em que foi solicitada. A autarquia deixa, no entanto, em aberto a possibilidade de licenciar o desfile num outro dia em que não haja desfile oficial.
Abordado pelo Mindelinsite, Marco Bento, presidente da direcção da Ligoc, assegura que a Liga só se vai pronunciar sobre esta matéria quando estiver ao corrente da exposição do Vindos do Oriente.
Constânça de Pina