O economista José Correia frisou hoje que a dívida pública, os limitados recursos internos e as incertezas provocadas pela pandemia nos mercados internacionais podem constituir desafios à implementação da ZEEEM-SV, mas mostrou-se convicto que os entraves serão temporários e suplantados pela equipa técnica responsável pelo funcionamento da Zona Económica Especial de Economia Marítima de S. Vicente. Correia fez essa conjectura na inauguração da sede na cidade do Mindelo, passo crucial para a concretização desse projecto, que visa fazer de Cabo Verde uma plataforma logística e marítima no Atlântico Médio. No entanto, para esse coordenador da ZEEEM-SV, trata-se de um investimento a longo prazo que traz mais oportunidades do que desafios, pelo que se torna imperioso acreditar no seu sucesso.
Para Correia, a inauguração da sede é um passo determinante nesse processo, cujo conceito começou a ser delineado em 2016. A ideia, voltou a lembrar, é transformar S. Vicente numa ilha moderna e mais inserida na economia internacional enquanto ponto fulcral de transbordo de contentores, processamento de pescado, distribuição de produtos do mar e um destino turístico de renome mundial. Um papel que, diz, será desempenhado em rede com as ilhas de Santo Antão, S. Nicolau e a deserta Santa Luzia, pela via da exploração dos recursos existentes na zona Norte.
O economista enfatizou que o planeamento propõe a implementacao do projecto em 3 fases – isto é, nos períodos 2020/25, 2026/30 e 2031/35 – definindo os sectores estratégicos a desenvolver, – quais sejam portuário, pescas, reparação e construção naval, turismo e energias renováveis e sectores complementares como infraestruturas, ambiente, educação saude… – e ainda estabelece o planeamento espacial e as politicas para o seu desenvolvimento.
Estudos desenvolvidos por especialistas chineses, prosseguiu a citada fonte, comprovam que o projecto tem viabilidade económica. Uma vez implementado, acrescenta, vai permitir a criação de milhares de empregos, atrair investimentos externos, propiciar novas áreas de negócio, aumentar o PIB e a exportação, reduzir custos de produção no sector marítimo.
Desenvolvimento de longo alcance
Ulissses Correia e Silva, que presidiu a inauguração, enfatizou que a ZEEEM-SV é um projecto de desenvolvimento de longo alcance. “E assim deve ser um projecto de desenvolvimento. Não é o curto prazo, o hoje, que conta, mas a construção com sentido estratégico para podermos fazer com que a economia azul seja um factor de desenvolvimento económico. E a escolha de S. Vicente para sediar este projecto já foi várias vezes explicada – a tradição marítima da ilha e o facto de possuir infraestruturas de base”, sublinhou Correia e Silva, lembrando que o projecto foi pensado para funcionar de forma integrada com as ilhas de Santo Antão, S. Nicolau e Santa Luzia.
A partir da ZEEEM-SV, o Governo perspectiva uma diversificação maior da actividade económica na região Norte. Correia e Silva entende que é preciso ir concretizando a ambição com sentido estratégico porque a meta está definida. A seu ver, Cabo Verde não tem que esperar 2035 chegar para concretizar a Zona Económica Marítima. Aliás, diz, a mesma começou a ser construída com a criação do Campus do Mar, a Universidade Atlântica do Mindelo, a Escola do Mar e o Instituto do Mar, considerados pilares fundamentais do projecto. Outra base importante, acrescenta UCS, é o Terminal de Cruzeiros do Porto Grande, obra cuja construção, diz, será adjudicada em Março.
A sede da ZEEEM-SV fica situada em frente a Universidade Lusófona, em S. Vicente.