Rosa Rocha, deputada do PAICV por Santo Antão, lamentou em uma publicação no Facebook, a dificuldade de escoamento da produção agrícola da ilha, referindo concretamente a abundancia de mangas que estão a ser vendidas a preços muito baixos em São Vicente. Diz esta eleita nacional que, num país com uma produção que pouco ultrapassa os 10% das necessidades de consumo, ver a perda é lamentável.
“Causa tristeza ver o esforço do trabalho dos nossos agricultores não ser compensada porque o Poder Público não cumpre a sua função”, escreve Rosa Rocha, para quem, infelizmente, a semelhança do que se passa noutras ilhas, o Centro Pós-colheita de Porto Novo, e o Centro de Formação em Transformação Agro-alimentar de Afonso Martinho continuam inactivos. Estas infraestruturas, especifica a deputada, foram criados com objectivo de proporcionar o tratamento de produtos frescos para contornar o embargo imposto a ilha de Santo Antão e, complementarmente, proporcionar a transformação e conservação da produção estacional, frequentemente excedentária, continuam praticamente inativos.
Porém, durante o mandato findo, assistiu-se a narrativa do Ministro da Agricultura de que as unidades apresentavam eventuais falhas técnicas. “Se assim fosse, mais de cinco anos, não seria tempo suficiente para as resolver? Teremos que continuar mais cinco anos escutando essa narrativa, porque o Ministro não demonstra capacidade para resolver os eventuais problemas, ou porque não tem vontade política ou, apenas para não valorizar os investimentos, pois foram implementados pelo Governo do PAICV e, o que herdou e não pode apropriar-se, prefere destruir?”, interroga.
Enquanto isso, de acordo com esta antiga governante e presidente da Câmara do Porto Novo, quem sofre com os prejuízos directos são os agricultores e a débil economia de Cabo Verde. O mais grave, acrescenta, é que os tradicionais parceiros de desenvolvimento do país, que vinham financiando vários projectos, vêm questionando a não valorização dos equipamentos e infraestruturas financiados, tendo como consequência, uma progressiva redução dos investimentos no sector nos últimos seis Orçamentos de Estado.
Esta reacção da deputada Rosa Rocha, surge na sequência de uma reportagem da agência de notícias Inforpress, que revela que as mangas produzidas em Ribeira das Patas, Santo Antão, estão sem mercado para escoamento e que a produção excedeu as expectativas. Por causa disso, as famílias optam por vender o produto a um custo mais baixo para conseguir algum rendimento. É que, por conta do embargo a que estão sujeitos os produtos agrícolas da ilha das montanhas devido a praga dos mil pés, a produção agrícola da ilha só pode ser vendida em Santo Antão e S. Vicente.