O Partido Africano Independencia de Cabo Verde classificou hoje, em conferencia de imprensa proferida na cidade da Praia, de gravíssima a suspensão da Cabo Verde Airlines do Billing and Settlement Plan (BSP) em Portugal pela International Air Transport Association (IATA), entidade que gere os transportes aéreos no mundo. Com esta decisão, a CVA deverá, imediatamente, suspender as emissões de bilhetes.
Segundo vice-presidente Nuías Silva, a IATA só adopta esta postura quando as companhias aéreas estiverem em vias de falência. Acredita que, por detrás desta decisão, estão as Declarações feitas pelo Governo, através do Ministro do Turismo e Transportes, quando, em entrevista à RCV, no dia 8 de Abril, abordou o risco da não sobrevivência da Cabo Verde Airlines, após esta paragem. “Estas declarações graves, vindas de um membro do Governo, terão despertado uma atenção especial dos vários Credores da CVA, de entre os quais a IATA”, assevera este dirigente partidário.
Este afirma que a situação da CVA é grave e começou ante da pandemia do covornavirus. Diz que, nas campanhas eleitorais de 2016, o MpD garantiu que tinha “solução” para a companhia aérea. Depois de vencer as eleições, mudou o Conselho de Administração e anunciou a sua privatização e contratou uma empresa estrangeira para “reestruturar” a companhia, pagando a preço de ouro, com o dinheiro de todos os cabo-verdianos.
Entretanto, depois da “reestruturação”, a companhia responsável por este processo, acabou por adquiriu os TACV, a preço de rifa, ou seja, por 48 mil contos. O mais caricato, diz, é que o Estado não recebeu, ainda, nem um tostão. Mesmo assim, o Governo anunciou que, até Dezembro de 2019, a CVA teria 11 boeings e que o Estado já não teria que “injectar” dinheiro na companhia de bandeira. “O facto é que esta suspensão veio mostrar que o que está em causa é uma divida de aproximadamente 2,4 milhões de dólares com a IATA e a realidade tem demostrado que, após a privatização, os problemas agravaram, as dificuldades aumentaram, as dívidas e passivos foram se acumulando e o Estado continua a injectar recurso e capitais, atráves de garantias e vales para empréstimos junto do sistema financeiro.”
Perante este cenário, Nuías Silva não tem receios em afirmar que se está perante uma situação lamentável e grave, que poderia ser evitada, caso houve maior transparência e responsabilidade do executivo na condução deste dossier. “Esta suspensão e comunicação da IATA mancham o bom nome e a credibilidade do país, pois caso a situação não seja regularizada, dentro de 30 dias, com a retirada do Código VR, a CVA fica impossibilitada de toda e qualquer operação comercial”, constata, frisando o facto de esta medida impactar directamente as agências de viagens nacionais e clientes individuais, pois a suspensão inclui as vendas e reclamações de reembolso pendentes que já não serão liquidadas pela IATA.
Toda esta situação, refere, vinha se arrastando, há já algum tempo, com informações vindas a público, e denunciadas bastas vezes pelo PAICV,da gestão desastrosa das operações e das rotas, fazendo com que prejuízos enormes se acumulassem, em rotas deficitárias como o Brasil, Washington, Boston, após a deslocalização dos voos da Praia para o Sal, Itália, Nigéria, entre outros). Aliás, defende que o encerramento destas linhas veio minimizar os riscos da continuidade das operações deficitárias, para além dos enormes prejuízos que a companhia vinha acumulando, por falhas de gestão na contratualização de serviços de leasing das aeronaves em regimes desfavoráveis às existentes no mercado concorrencial.
Diante dos factos, deixa várias questões que o seu partido gostaria de verem respondidas, nomeadamente sobre a real situação da empresa, as responsabilidades dos accionistas privados, tendo em conta que o Estado já assumiu o salário dos trabalhadores. Questiona ainda se os contratos de leasing com a Icelandair foram renegociados, se a frota está a ser redimensionada e se os contratos de prestação de serviço com a empresa-mãe do parceiro foram renegociados ou suspensos durante esta paragem.