A Ímpar é a seguradora mais rentável de Cabo Verde há mais de 10 anos consecutivos e o BCN o banco que mais cresce no país desde 2017, data em que foi adquirido por essa empresa privada. Estas informações foram ontem avançadas por Luís Vasconcelos Lopes na cerimónia de inauguração da sede do Grupo Ímpar na cidade do Mindelo, situada no remodelado edifício histórico Café Portugal, construído na Rua de Lisboa em 1948. Sendo mais específico, Luís Vasconcelos assegurou que o BCN tem de longe o maior rácio de transformação do mercado bancário, ou seja, é a instituição que mais crédito concede face aos depósitos arrecadados, os quais atingiram recentemente mais de 20 milhões de contos.
O novo espaço foi aberto ontem à noite aos convidados do Grupo Ímpar, num acto que, para Luís Vasconcelos, celebra tanto a ousadia desta instituição de carácter financeiro como a própria história da cidade do Mindelo. Como relembrou, o edifício foi construído pela família Miranda, “um dos nomes mais ilustres do comércio mindelense do século 20”. O prédio, acentuou o orador, foi edificado num momento particularmente difícil para Cabo Verde, isto é, após a segunda guerra mundial e a seguir a uma das piores secas que o arquipélago tem memória, que dizimou uma boa parte da população por causa da célebre fome de quarenta.
“Entretanto, S. Vicente, pela sua vocação aberta ao mundo, mesmo nessas circunstâncias adversas, conseguia gerar riqueza e ter empresários de visão, capazes de construir edifícios como este, que veio a albergar o Café Portugal, que é, sem dúvida, um símbolo da criação de riqueza que a actividade privada cabo-verdiana empreendeu”, salienta o CEO do Grupo Ímpar.
A inauguração desse escritório, que vai albergar os serviços da seguradora e do BCN Business, é um marco que representa, segundo Vasconcelos, um estímulo ao progresso e à afirmação pública da empresa. Enquanto fiel tributário dos fundadores da Ímpar, Corsino Fortes e Augusto Vasconcelos, prosseguiu, ousou criar um grupo financeiro forte de matriz cabo-verdiana, cujo centro de poder e de decisão está baseado nas ilhas e na sede ontem inaugurada.
O descerramento da placa e o corte simbólico da fita foram feitos por Luís Vasconcelos e o edil Augusto Neves, logo após o discurso do presidente da Câmara de S. Vicente. Para o autarca mindelense, um S. Vicente de futuro é o negócio da Câmara da ilha do Porto Grande. “Sonhar e construir o futuro de S. Vicente sempre foi o nosso negócio. Tudo o que acontece hoje foi sonhado há muito tempo; sonhado e construído a cada passo pelo empresariado mindelense”, frisou Neves, lembrando que a chamada ilha do Monte Cara dispõe de grandes oportunidades tanto turísticas como empresariais. Neste sentido, defende um olhar atento para o território do Mindelo, uma visão que promova a revitalização económica e funcional do mercado local. Logo, diz, é preciso apostar em políticas que contribuam para melhorar as condições de vida da população e a construção de um território mais sustentável.
“Acolhido pela morabeza desta cidade amiga, o Grupo Ímpar tem contribuído e muito pelo desenvolvimento de S. Vicente. É a primeira instituição financeira totalmente privada, cuja missão é encontrar a melhor protecção para os seus clientes. Contamos com o Grupo na mobilização e dinamização de investimentos para continuar a fluir nesta nossa ilha”, apelou Augusto Neves.
Visualmente emocionado, o acionista-fundador da seguradora Ímpar Augusto Vasconcelos mostrou-se profundamente agradecido pelo sucesso alcançado pela instituição que criou juntamente com o falecido poeta Corsino Fortes. Para ele, a inauguração da sede veio provar que essa iniciativa empresarial não caiu em saco-roto. “Foi uma iniciativa sublime, abraçada e abençoada por mais de duas dezenas de amigos cabo-verdianos, numa parceria ímpar entre Cabo Verde e Portugal, cada um com cinquenta por cento do capital social. Foi com a poupança desses amigos que o desafio foi concretizado”, lembrou o empresário natural da Brava, residente há vários anos em S. Vicente.
Como o empresário salientou, na altura não era fácil mobilizar 100 mil contos para poderem participar em metade do capital da seguradora, montante que tinham de depositar no banco antes da escritura. Hoje, diz, a aposta valeu a pena, pois a Ímpar nasceu de um abnegado espírito de justiça. E, constatar o êxito do empreendimento, é, para ele, o maior tributo que se pode fazer ao fundador Corsino Fortes.