O Primeiro-ministro lançou ontem em S. Vicente a primeira pedra do hotel Golden Tulip Mindelo, um novo empreendimento turístico a ser edificado nas imediações da praia da Lajinha, cujos primeiros hóspedes são esperados em Dezembro de 2021. Cinco anos decorridos à volta do projecto promovido pela empresa de capital privado Matiota Investimentos, o arquitecto e sócio Alexandre “Xazé” Novais garante que a construção efectiva da obra arranca no primeiro trimestre de 2020, logo após o Carnaval, e vai durar entre 18 a 22 meses. Deste modo, a expectativa é que o hotel de categoria “4 estrelas mais” comece a receber os clientes pelo mês do Natal do ano seguinte.
“A primeira pedra do projecto Golden Tulip Mindelo representa um momento de viragem na construção do destino turístico Mindelo, que queremos com qualidade e possa ajudar a alavancar a economia da ilha de S. Vicente, desta região e de Cabo Verde”, frisa esse empresário mindelense, que enalteceu o facto de o projecto ter nascido em 2014, durante a governação do PAICV, e merecido o apoio do actual Executivo, na pessoa do ministro Olavo Correia. Como explica, após um tempo de adaptação da nova maioria saídas das eleições de 2016 aos projectos existentes, o do hotel foi apoiado e acompanhado pelo ministério das Finanças, o que para ele prova que o Estado tem de ser permanente e contínuo, independentemente da alternância governativa.
“É praticamente impossível a um empresário cabo-verdiano aguentar sozinho um projecto desta dimensão. Chega o momento em que temos de ter o Governo do nosso lado, acompanhar as vontades das autoridades para que o projecto possa ser visto como sério e seguro e mereça ser financiado”, salienta Xazé Novais, realçando que o orçamento do hotel ascende a 29.6 milhões de euros, cerca de 3 milhões de contos cabo-verdianos.
Para Ulisses Correia e Silva, essa cifra representa um grande investimento à dimensão de Cabo Verde, o que prova que é possível realizar sonhos desde que haja um trabalho conjunto entre o privado e o público. Por um lado, os investidores com a sua força empreendedora e dispostos a arriscar, do outro um Governo parceiro, disposto a apoiar na procura dos melhores financiamentos. “Hoje o capital está disponível, o ecossistema de financiamento garante condições a micro, pequenas, médias e até a grandes empresas. Além disso, existe o financiamento externo a que se pode aceder, desde que o país continue a assegurar a estabilidade macro económica, com baixos riscos perante os financiadores”, sublinha o Chefe do Governo, que enalteceu o facto de estar em construção 4 hotéis na cidade do Mindelo, cujas obras visitou ontem: o aparthotel e clínica Platô Medical (BaoBab Imobiliária Lda), o hotel Maria do Carmo (Spencer Turismo Lda), Ouril Mindelo (Ouril Hotéis) e Hotel Cruzeiro (Fonseca e Santos).
Mindelo, destino turístico “de facto”
Com a conclusão do Golden Tulip Mindelo e o hotel Sheraton, cuja obra deve começar em Janeiro de 2020, a cidade do Mindelo irá ganhar seis grandes empreendimentos quase que de uma assentada, o que, enfatiza Ulisses C. Silva, significa mais camas, aumento do emprego, reforço da oferta de serviços aos turistas, incremento de voos, enfim, uma nova dinâmica na economia de S. Vicente. “E a ilha estava a precisar deste momento de viragem para se tornar num destino turístico de facto”, enfatiza Ulisses Correia. Para Correia e Silva, S. Vicente deve preparar-se para receber grandes eventos com o aumento da capacidade de alojamento. E um deles está já agendado para Outubro de 2021, data em que os veleiros da Volvo Ocean Race, a maior regata do mundo, vão fazer escala no Mindelo, “uma das poucas cidades do mundo escolhidas para acolher os participantes dessa grande prova”.
A ilha de S. Vicente, segundo o autarca Augusto Neves, está a atravessar um momento especial, que esperava há muitos anos. Como lembrou, em todas as suas apresentações tem falado da construção de cinco hotéis na cidade do Mindelo porque sabia que iriam arrancar tendo em conta a confiança depositada no Governo. “A Câmara de S. Vicente não podia fazer tudo, mas conhecemos os projectos e corremos atrás para que acontecessem com o apoio dos empresários”, diz Neves, que fez questão de sublinhar que S. Vicente conta hoje com 95 mil habitantes, algo perceptível tanto na autarquia como nas ruas. Como que a condizer com esse salto populacional, enfatiza que há neste momento “muita obra” em curso no município que preside. Além de os da alçada do Governo, frisa que a própria edilidade tem em mãos o projecto de asfaltagem de toda a cidade, a ser executada pela empresa Armando Cunha, o que irá embelezar Mindelo ainda mais. Desta forma, acrescenta, a urbe estará melhor preparada para receber os visitantes com a morabeza mindelense.
Promovido pela Matiota Investimentos, empresa de capital 100% cabo-verdiano gerida pelos empresários Alexandre Novais e João do Rosário, o Golden Tulip Mindelo é um hotel de categoria “4 estrelas mais” com capacidade para 214 quartos, quando cumprir as duas fases de construção, além de outras valências, como um centro de conferências. O empreendimento da marca mundial Golden Tulip irá fazer parte da cadeia internacional Louvre Hotel, considerada a segunda maior da Europa e a quarta a nível mundial. O mesmo será igualmente explorado pelo grupo Louvre, que deverá contratar quase que exclusivamente recursos humanos cabo-verdianos, à excepção do director-geral. “À parte do director, todo o resto da mão-de-obra será recrutado em S. Vicente. Estamos a falar de 250 postos de trabalho, que podem chegar aos 500 por altura dos picos”, enfatiza Xazé Novais. Em termos arquitectónicos, o hotel vai ocupar duas ruas, sendo a principal a avenida junto à praia da Lajinha. Para o efeito, o edifício da actual Anfândega do Mindelo será demolido e reconstruído num espaço ainda a indicar pelo Património. Dada a sua localização, o hotel, segundo Novais, terá uma arquitectura moderna e leve. Composto por dois imóveis, o mais baixo terá dois pisos e ocupará uma área de 4.000 m2 , enquanto o mais alto terá onze pisos e será construído num terreno com 18.000 metros quadrados. No entanto, a infraestrutura vai-se elevando gradualmente para dentro da encosta, ao lado da Escola Técnica do Mindelo, para não se tornar muito pesado.
Kim-Zé Brito