Jesuína Gonçalves: Vende “cuscuz quente” há sete anos e pensa abrir a sua própria empresa em SV

Há sete anos que Jesuína Gonçalves alimenta a sua rotina. Levanta-se às cinco e meia da madrugada, prepara bindes de cuscuz e saí à rua para venda, ora sozinha, ora acompanhada do filho. Qual uma “peixeira”, percorre as ruas gritando “oli cuscuz!!!”. Nada de gritos exagerados, mas o suficiente para alertar os clientes da sua chegada. Bater à porta de cada um está fora de questão. Quem quiser comprar, basta aparecer e aproveitar o cuscuz quente para o café ou o lanche.

“Vendo todos os dias de manhã e três vezes à tarde”, informa Jesuína, que já ganhou o apelido de “cuscuzada” e acha até graça.

Antes do cuscuz, Jesuína Gonçalves experimentou vender iogurte caseiro natural. Porém, a concorrência era tanta que acabou por desistir. “Só na casa onde morava éramos seis a vender iogurte”, conta esta mulher de 47 anos da ilha do Fogo, residente em Chã de Alecrim. Boa parte dos seus clientes está nesta localidade, mas às vezes sobe para Madeiralzim, Cruz e até Monte Sossego, se for preciso.

O certo é que raramente volta para casa sem vender todo o seu produto. Em média, revela, vende 3 bindes. Cada binde pode dar entre 16 a 20 fatias, que comercializa a 50$00 unidade. O preço, diz, é o do mercado e as pessoas não reclamam. O custo é igual para cuscuz de farinha de mandioca, canela, milho…

Nascida no Fogo, esta comerciante já sente a necessidade de expandir o seu negócio. Mas tem deparado com dificuldades em encontrar quem queira trabalhar com ela. “As pessoas não querem fazer este tipo de trabalho. Primeiro queixam-se de serem obrigadas a levantar-se às cinco horas da madrugada e depois exigem um salário fixo”, lamenta a vendedeira, que está confiante, no entanto, na abertura da sua empresa, dure o tempo que for preciso.

Jesuina Gonçalves veio do Fogo para S. Vicente quando tinha 14 anos de idade, trazida pela sua madrinha. Foi morar na zona do Monte, onde esteve a trabalhar em casa de uma vizinha como empregada doméstica. Mais tarde mudou-se para Chã de Alecrim e, já com família constituída, foi buscar a mãe na ilha do vulcão. Hoje ela assume-se como uma empreendedora que tem o cuscuz como seu principal produto comercial e sonha abrir a sua empresa.

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